Admirável corpo novo: discursos médicos sobre as classes trabalhadoras (Paraíba, 1930 1945)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Leonardo Querino Barboza Freire dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-12012021-182512/
Resumo: Nesta tese, analisamos os discursos médicos sobre as classes trabalhadoras que circularam na Paraíba entre 1930 e 1945. Desse modo, buscamos problematizar os desdobramentos da fala autorizada dos doutores paraibanos sobre as representações sociais que foram construídas em torno da imagem do trabalhador. Apesar das leis sociais do período, as classes assalariadas da Paraíba continuavam enfrentando difíceis condições de vida e altos níveis de exploração no trabalho. Além disso, a rede de saúde pública e o sistema de previdência social permaneciam muito aquém das necessidades do proletariado paraibano. Nesse contexto histórico, seja através dos jornais diários que circulavam entre o grande público, seja por meio de sua Sociedade de Medicina, de seus congressos e de suas revistas especializadas, os médicos elaboraram diversos discursos sobre a saúde e as doenças das classes trabalhadoras. Muitas vezes desconsiderando as razões estruturais dos \"males\" que afligiam estes grupos, os doutores paraibanos os representaram como um \"órgão enfermo\", que era necessário \"curar\" para restituir a saúde do \"corpo social\". Nesse sentido, produziram diagnósticos e propuseram terapêuticas com forte teor disciplinar, buscando (con)formar um \"novo trabalhador\", que supostamente seria saudável, ordeiro e produtivo. Para discutir estas e outras questões, analisamos principalmente jornais diários que circulavam no estado e revistas de medicina produzidas pelos médicos paraibanos. Além destes documentos, também nos baseamos em leis e decretos sobre saúde pública e relações de trabalho sancionados durante o primeiro governo de Vargas. Na análise desse corpus documental, nos aproximamos dos referenciais teóricos da História Cultural, especialmente no que diz respeito às suas formulações sobre a dimensão histórica e social das \"representações\". Para problematizar as relações entre o Estado brasileiro e as classes trabalhadoras ao longo do período getulista, dialogamos com as noções de \"trabalhismo\", desenvolvida por Ângela de Castro Gomes, e \"cidadania regulada\", elaborada por Wanderley dos Santos. Por fim, com base nos conceitos de \"poder disciplinar\", \"dispositivo discursivo\" e \"biopolítica\", formulados por Michel Foucault, discutimos a participação do saber médico nas políticas de controle social que buscaram (mas nem sempre conseguiram) \"governar\" os trabalhadores paraibanos entre as décadas de 1930 e 40.