Entre o centro e a periferia: investigação comparativa das práticas pedagógicas e celebração de bons alunos na disciplina de química

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Matheus dos Santos Barbosa da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/75/75135/tde-30092024-112822/
Resumo: A identificação com a ciência é um processo de reconhecimento de si como uma pessoa interessada em ciência e que possivelmente aspira por uma carreira científica futura. Tal processo é circunscrito por um conjunto de categorias sociais que delimita quem se reconhece e é reconhecido como sujeito interessado pela ciência. A noção de science identity tem sido empregada de forma produtiva para explorar as experiências de sujeitos de grupos minoritários em relação às ciências da natureza. Entretanto, poucos estudos nessa área têm explorado como a celebração de bons alunos em ciências pode ser um processo mediado por relações institucionais com base na cultura escolar. Essa pesquisa buscou contribuir para essa área ao investigar como o processo de celebração de bons alunos em aulas de química está enraizado em práticas institucionais escolares que variam entre regiões urbanas, entre o centro e a periferia de uma cidade paulista. Com atenção especial às escolas parte do Programa de Ensino Integral (PEI) paulista, nesse estudo, também é investigado como a introdução dessa reforma pedagógica alterou os significados do bom aluno em ciências nas escolas públicas. Com foco sobre as desigualdades e diferenças entre escolas urbanas, esse estudo tem como base a abordagem teórica desenvolvida por Pierre Bourdieu e suas principais ferramentas, com o objetivo de explorar comparativamente as práticas e discursos nas aulas de química, com foco sobre o exercício do poder simbólico de classificação de bons alunos em ciência entre escolas hierarquicamente posicionadas no campo social. Para condução dessa pesquisa, utilizaram-se os princípios da etnografia crítica, com o uso de métodos qualitativos diversos, entre grupos focais com estudantes do ensino médio (N = 12), entrevistas individuais semiestruturadas com estudantes (N = 11), professores de química (N = 5) e administração escolar (N = 3), e observações das aulas de química e rotina escolar (total de 85,5 horas) entre três escolas públicas paulistas. Os resultados desse estudo indicam que o ensino de química é parcialmente influenciado por duas dimensões inter-relacionadas do habitus institucional da escola a reputação da escola e o perfil social dos seus alunos. Estudantes de diferentes escolas tendem a ter oportunidades desiguais de aprendizado e identificação com a química. Por exemplo, em escolas de periferia, os alunos são vistos como tendo deficiências de aprendizado científico e deles é exigido o mínimo de participação nas aulas de química, com atividades de baixa exigência cognitiva, enquanto os alunos da escola no centro da cidade são ensinados sob uma cultura predominante centrada em conquistas acadêmicas, intensa competição e individualidade. Os fatores mencionados acima moldam em grande parte o ensino de química e a celebração dos bons alunos nas três escolas públicas investigadas.