Consumo de refeições e petiscos da população brasileira: composição nutricional, estruturação temporal e espacial dos hábitos alimentares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Rossetti, Francini Xavier
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-06092019-113128/
Resumo: Introdução: As transformações socioeconômicas e culturais proporcionadas pela globalização geram modificações nos modos de comer. Objetivo: analisar as características do consumo de eventos alimentares entre a população brasileira, considerando as características sociodemográficas. Casuísticas e métodos: foi realizado levantamento empírico dos alimentos, técnicas culinárias e consumo de eventos alimentares da população brasileira desde o período colonial até o início do século XXI, seguida da análise probabilística do consumo de eventos alimentares da população por meio dos microdados do módulo de consumo alimentar individual da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2008-2009. Para a análise probabilística, os eventos alimentares foram categorizados em refeições globais, subdivididas em tradicionais ou mistas e petiscos, de acordo com propósito e grau de processamento dos alimentos. \"Refeições globais\" foram categorizadas por meio da inclusão de preparações culinárias e/ou alimentos processados, com a presença opcional de alimentos do grupo de alimentos ultraprocessados; essas foram subdivididas em \"refeições tradicionais\", que continham somente preparações culinárias e/ou alimentos processados e \"refeições mistas\" com a presença de preparações culinárias e/ou alimentos processados e a presença obrigatória de produtos ultraprocessados; \"petiscos\" incluíram eventos alimentares com presença exclusiva de alimentos ultraprocessados. As análises estatísticas foram realizadas por meio do software STATA. Regressão linear univariada e de lógite foram utilizadas para testar a relação entre a ocorrência de eventos alimentares e as características sociodemográficas. Considerou-se o nível de significância de 5% e intervalos de confiança de 95%. Resultados: no período colonial, o processo de formação da culinária brasileira esteve relacionado a monotonia alimentar. A chegada da corte portuguesa ao país e o processo de urbanização impulsionou novos padrões de consumo alimentar. A partir da intensificação do processo de globalização na década de 1960, houve aumento do consumo de alimentos industrializados em todos os estratos de renda. A padronização do consumo alimentar se relaciona a alto grau de tecnologia, desestruturação das refeições, déficit de regulação e prazer. A análise probabilista sobre o consumo de eventos alimentares contou com uma amostra de 34.003 pessoas (idade &#8805; 10 anos). O número médio de eventos alimentares diários foi de 4,52 (IC: 4,48-4,55), sendo 3,93 (IC: 3,90-3,96) refeições globais, 2,63 (IC: 2,59-2,67) refeições tradicionais, 1,32 (IC: 1,30-1,35) refeições mistas e 0,56 (IC:0,54-0,58) petiscos. A probabilidade de realização de refeições tradicionais nas situações de domicílio urbanas apresentou efeito negativo (p < 0,05), ao passo que o consumo de refeições mistas e petiscos mostrou tendência positiva (p < 0,05). A análise da probabilidade da combinação de 4 ou mais refeições tradicionais apresentou tendência similar. A probabilidade de realização de pelo menos um petisco ao dia foi significativo para mulheres, pessoas residentes no sudeste e sul do país, a aumento da renda e para consumo fora do lar (p < 0,05). As combinações mais frequentes de ocasiões de consumo alimentar contemplaram 3 ou 4 refeições globais sem a presença de petiscos (40,95%); 3 ou 4 refeições e um petisco (15,45%) ao dia e 5 refeições globais diárias (12,28%). Os horários considerados típicos para realização de café da manhã, almoço e jantar apresentaram maior frequência de refeições globais e maior conteúdo energético. Conclusões: o levantamento empírico dos hábitos alimentares permitiu embasar a análise das características dos eventos alimentares entre a população e a importância desses para a identificação de práticas alimentares, visto as inúmeras possibilidades de relacionamentos capazes de identificar regras e regularidades que possam contribuir para a qualificação do planejamento e intervenções para a garantia de uma alimentação saudável e adequada.