O clítico se no português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Jorge, Paula Bauab
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04082016-151554/
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar o uso do clítico se nas construções do português brasileiro, a partir de dados da modalidade oral. Tendo em vista que esse clítico está associado a uma diversidade de significados, buscamos identificar em quais tipos de construções ele é empregado e como ele contribui para a interpretação das sentenças em que aparece. Para isso, recorremos a dois corpora de língua oral: (i) C-ORAL-BRASIL e (ii) Projeto SP2010: Amostra da fala paulistana. O primeiro reflete a fala mineira, ao passo que o segundo retrata a produção de falantes paulistanos. Os dados foram tratados pelo viés da Gramática Cognitiva, uma vez que essa perspectiva teórica possibilitou-nos olhar para fatores relevantes para o entendimento da voz média. A proposta de Langacker (2008) acerca dos diferentes tipos de construções, assim como a de Maldonado (2006) no que concerne à elaboração da força indutora do evento, serviu de base para a análise das sentenças que se encontram em uma zona intermediária entre construções impessoais, de um lado, e construções absolutas, de outro. Dentro desse contínuo, a elaboração da força indutora se dá em graus variados. Nas sentenças impessoais, o clítico introduz no evento uma força indutora que, embora seja humana, é genérica ou arbitrária. Nas sentenças médias de proeminência terminal, o se representa uma força indutora externa ainda mais esquemática, o que faz com que o foco da sentença recaia sobre a porção final do evento. Além disso, há os casos em que a força indutora é ainda menos elaborada, remetendo a uma energia mínima, próxima das construções absolutas. Estas não envolvem a conceitualização de uma força indutora. Para entender o contínuo reflexivo-médio, partimos dos trabalhos de Kemmer (1993, 1994), que ressalta fatores como a distinguibilidade dos participantes e a prototipicidade da ação, e de Maldonado (2006), que destaca o grau de controle exercido pelo sujeito. Enquanto as construções reflexivas envolvem maior distinguibilidade na conceitualização das facetas do participante e maior controle por parte deste, as médias refletem uma conceitualização indistinguível do participante e, em diversos casos, menor grau de controle. Além disso, a proposta acerca do experienciador médio (Maldonado, 2006) mostra que o clítico tem relação com o nível de envolvimento do participante no evento. Com base nas análises desenvolvidas dentro desse quadro teórico, bem como nas evidências empíricas fornecidas pelos corpora, defendemos que o clítico está associado a um processo de energização do evento (Maldonado, 2006), seja conferindo a introdução de uma força indutora, seja indicando maior envolvimento do participante. Com este estudo, pretendemos contribuir para o entendimento do papel do clítico se no português brasileiro e sua relação com a conceitualização de eventos.