Em busca dos corsários magrebinos do Atlântico: entre a cruz e a crescente no Santo Ofício de Lisboa (1580-1680)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Jaber Filho, Hélio Elias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-23052023-133952/
Resumo: A presente dissertação tem como finalidade esclarecer quem eram e como agiam os corsários das cidades portuárias do Magrebe, tal qual Argel e Salé, atuantes na região conhecida como Mediterrâneo Atlântico entre 1580-1680. Há ainda grandes lacunas na historiografia do período acerca da identidade dos tripulantes e sua ação, especialmente no que se refere aos indivíduos que atuavam no lado atlântico do Estreito de Gibraltar. Para tanto, procurando estabelecer quem eram estes indivíduos e qual a relação que construíram com o Atlântico, foram analisados duas centenas de processos inquisitoriais cujos réus, acusados de islamismo, se declararam corsários baseados em Salé e/ou Argel. A análise dos processos foi realizada após a construção de uma base de dados com o objetivo de cristalizar e elucidar dois movimentos. Em primeiro lugar, a mudança na área de ação dos corsários do Mediterrâneo para o Atlântico, visto que ao atravessar o Estreito e se deparar com um novo ambiente, a atividade precisou se adaptar, fazendo uso de novas táticas e técnicas navais. Em segundo lugar, a passagem dos tripulantes pela Inquisição de Lisboa, local no qual poderiam chegar na condição de capturados, motinados ou fugidos; e de onde saíram, sentenciados ou não, a depender de suas origens individuais. Ao final, concluiu-se que é impossível analisar a atividade dos corsários magrebinos no Atlântico sem considerar a cidade portuária marroquina de Salé e suas implicações estratégicas em conjunto com Argel. Concluiu-se também que o navio corsário foi um local de experiências individuais diversas e que suas tripulações tinham bagagens mais plurais e multiculturais do que poderiam sugerir as bandeiras muçulmanas sob as quais navegavam. A esse respeito, se identificou que em Lisboa os corsários cristãos renegados tiveram muita mais facilidade para obter sua liberdade na Inquisição quando comparados com os destinos dados aos corsários de origem africana ou mourisca