Variáveis clínicas e da mecânica ventilatória obtidas na admissão da UTI de pacientes obesos intubados com COVID-19 crítica podem prever o desfecho da hospitalização em alta ou óbito?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nascimento, Larissa Perossi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17152/tde-08052023-144110/
Resumo: Introdução: Em virtude das complicações respiratórias causadas pela obesidade e sua associação com o desenvolvimento de comorbidades, pacientes obesos com COVID-19 são considerados de alto risco para o agravamento da doença. Sendo assim, obesos com COVID-19 são mais propensos a evoluírem para SDRA grave por COVID-19, com mais chances de IOT e, consequentemente, mais susceptíveis ao óbito. Todos esses riscos de complicações ocorrem, pois o vírus SARS-CoV-2 acomete principalmente o sistema respiratório. Devido à deposição de tecido adiposo ao redor da caixa torácica, a obesidade influencia na redução da complacência do sistema respiratório, na piora da relação ventilação-perfusão, no aumento da Rva e na piora das trocas gasosas. As alterações da mecânica pulmonar podem influenciar na piora do prognóstico de internação, juntamente com o quadro de hipoxemia, sendo necessárias intervenções específicas do manejo ventilatório para evitar o agravamento do quadro clínico. Nossa hipótese é que as alterações da mecânica pulmonar podem prever o desfecho de internação de pacientes obesos internados em UTI em ventilação mecânica invasiva. Objetivos: Identificar se os dados relacionados à mecânica ventilatória obtidos na admissão da UTI de pacientes obesos intubados com COVID-19 podem prever o desfecho da hospitalização em alta ou óbito. Métodos: Foram incluídos adultos com IMC≥30 kg/m2 com diagnóstico de COVID-19 pelo exame de RT-PCR positivo, internados em UTI por SDRA grave e com necessidade de ventilação mecânica invasiva. Foram obtidos dados antropométricos, sociodemográficos, índice prognóstico, comorbidades, tempo de IOT, número de ciclos de posição prona, exames e marcadores laboratoriais da COVID-19 e dados ventilatórios e de mecânica pulmonar. Resultados: Foram incluídos 84 pacientes, alocados em dois grupos de acordo com o desfecho de internação, alta (n= 45) ou óbito (n= 39) e avaliados no Tempo 1 (até 6 horas pós-IOT) e no Tempo 2 (até 6 horas antes do desfecho). Encontramos que o Grupo Óbito era mais velho, com maior número de comorbidades, maior tempo de IOT e foi submetido a mais ciclos de prona. A comparação entre os grupos no Tempo 1 não apresentou diferenças na mecânica ventilatória apesar de complacência estática e dinâmica reduzidas e Rva aumentada. A razão ventilatória (RV) foi o único parâmetro com diferença no Tempo 1 [Grupo Alta: 1,72 (0,85; 4,81) e Grupo Óbito: 2,16 (1,23; 4,36)], indicando piora da ventilação e maior mortalidade para o Grupo Óbito. A comparação entre os grupos no Tempo 2 mostrou diferença em todos os parâmetros ventilatórios e de mecânica pulmonar, identificando pior desfecho de internação. Além disso, identificamos que a idade, tempo de IOT, número de ciclos prona, cardiopatias e pneumopatias aumentam a chance de óbito. Conclusão: Pacientes obesos internados na UTI com SDRA grave por COVID-19 mais velhos, com maior tempo de IOT, com mais indicações de posição prona, cardiopatas e/ou pneumopatas tem mais chance irem a óbito. Além disso, a RV pós-IOT, acima dos valores de normalidade, pode sugerir um pior prognóstico de internação.