Alterações anatomopatológicas em lobos-marinhos (Otariidae) encontrados na costa do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Reisfeld, Laura Chrispim
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10133/tde-28042016-104713/
Resumo: Diversas doenças emergentes, lesões e agentes infecciosos em mamíferos marinhos foram identificados pela primeira vez em animais encalhados. No Brasil, é comum a ocorrência de encalhes de lobos marinhos que se encontram debilitados e/ou enfermos. Devido à falta de estudos recentes que descrevam as principais causas de morte e alterações histopatológicas nos animais encalhados, o presente trabalho visa contribuir para a patologia comparada e, indiretamente, para a conservação de pinípedes por meio da investigação das principais lesões, enfermidades e causas de morte que acometem estas espécies no sul do Brasil. Para esse estudo, foram analisadas amostras de tecidos de 50 indivíduos de duas espécies de lobos marinhos: lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis) e lobo-marinho-subantártico (Artocephalus tropicalis), que foram encontrados ao longo da costa brasileira, incluindo cadáveres e animais recebidos vivos e que vieram a óbito em centros de reabilitação no Brasil. Essas amostras estão armazenadas no Banco de Tecido de Mamíferos Marinhos e foram avaliadas, identificadas e processadas no Laboratório de Histologia do VPT/FMVZ. Os achados histopatológicos que tiveram ocorrência superior ou igual a 30% foram: pneumonia (90%; 44/49), hiperplasia linfoide em linfonodo (59%; 19/32), congestão hepática (55%; 27/49), hiperplasia linfoide esplênica (55%; 24/44), edema pulmonar (53%; 26/49), enterite em intestino delgado (51%; 18/35), traqueíte (45%; 14/31), hepatite (43%; 21/49), enterite em intestino grosso (42%; 13/31), congestão pulmonar (33%; 16/49), expansão folicular em linfonodo (31%; 10/32) e glomerulonefrite membranosa (30%; 14/47). Dois casos de interesse especial foram reportados; um indíviduo de A. australis com possível causa de morte associada a meningoencefalite causada por protozoário da família Sarcocystidae e um indíviduo de A. tropicalis em que foi observado linfoma. Em uma análise geral, o principal sistema acometido foi o respiratório com 34% (17/50) dos casos, seguido por processos infecciosos, registrados em 28% (14/50) dos casos, sendo que infecções parasitárias por parafilaroides representaram 30,7% (4/13) das causas de morte de A. tropicalis. Dentre os infecciosos, a septicemia representou 42% (6/14) dos casos e foi reportada com maior frequência em A. australis. As outras causas de morte também observadas foram: nutricional (caquexia) 10% (5/50), indeterminada 10% (5/50), digestivo (enterite e hepatite) 6%(3/50), circulatório (choque) 6% (3/50), metabólico (estresse) 4% (2/50) e neoplasia (linfoma), observada em um único caso. Acreditamos que a análise dos dados obtidos no presente trabalho poderá fornecer um panorama sobre as doenças que indivíduos dessas espécies em vida livre possam apresentar em situações de encalhe e durante a reabilitação. Quantificar e entender as causas de encalhe de pinípedes irá fornecer importantes dados aos centros de reabilitação, que por sua vez, poderão utilizar essas informações para planejar cuidados veterinários adequados