Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Jorge, Ana Cristina Aparecida |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-14082024-151806/
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Resumo: |
Esta tese baseada em um estudo quantitativo exploratório tem como objetivo verificar se a percepção das emoções através da entoação por pessoas com esquizofrenia tem características específicas que permitam ser adotadas como parâmetros auxiliares em seu diagnóstico. A esquizofrenia consiste em um transtorno mental severo sem sintomas específicos, caracterizada por um misto de sinais e sintomas disformes. O DSM V (APA, 2013) inclui a prosódia como um dos possíveis sintomas negativos da esquizofrenia, aqueles que afetam a expressão e compreensão das emoções. Especialmente, para a realização desta pesquisa, foram selecionados 3 grupos de participantes: 10 pessoas com esquizofrenia atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II \"Espaço Vivo), uma das alas do Centro de Atenção Integral à Saúde Prof. Cantídio de Moura Campos (SECAISs); 10 indivíduos acometidos pela esquizofrenia que são frequentadores do Museu de Imagens do Inconsciente, serviço de saúde mental que compõe o Instituto Nise da Silveira (SEMIIs); somados a 10 sujeitos sem histórico médico anterior de transtorno mental ou doença psíquica que formaram o grupo de controles (SCs). Todos os grupos aceitaram voluntariamente participar de uma entrevista de anamnese que foi gravada com equipamento de armazenamento acústico H4 ZOOM, na qual foram coletados dados sociodemográficos e se solicitou que relatassem uma experiência feliz, uma triste e uma que lhes proporcionou raiva. Logo, na sequência, os grupos concordaram em responder a um teste perceptivo, dividido em duas fases: Familiarização e Teste Perceptivo. A Familiarização era composta por 12 estímulos, elaborados por uma atriz profissional representando três emoções (alegria, tristeza e raiva), a partir de duas frases \"As células do sangue que fabricam anticorpos são individualizadas\" e \"As células do fígado são provavelmente iguais entre si\" (Vassoler, 2011), foram apresentadas aos sujeitos em sua metade lexicalizada e a outra parte deslexicalizada. O Teste Perceptivo era composto de 48 estímulos, nos quais um ator profissional simulava três emoções (alegria, tristeza e raiva), advindo de quatro frases: \"O menino já chegou? Eu preciso ver ele\"; \"O mais diferente de tudo eram as pessoas que passavam por aquela rua\"; \"Ele chegou e colocou tudo em cima da mesa, depois saiu\"; \"Não quero falar sobre esse assunto. Podemos conversar amanhã?\", expressas em uma intensidade mais saliente (maior intensidade) e em outra mais contida (menor intensidade), metade dos estímulos foram reproduzidos para os participantes com a presença de léxico e a outra parte de maneira deslexicalizada. Foi utilizado o aplicativo TP (Teste/Treinamentos de Percepção) versão 3.1 (Rauber et al., 2012) para a realização do teste perceptivo. Esse software possui uma facilidade de configuração que pode ser feita pela própria pesquisadora e, além disso, os resultados dos testes de cada participante foram fornecidos de modo automático através de planilhas individualizadas. Com base nessas informações, foram elaboradas três planílhas contendo os dados quantitativos gerais dos grupos, uma para cada amostra (SECAISs, SEMIIs e SCs). Esses elementos foram examinados e separados conforme as suas especificidades, delineando 24 etapas de análise: emoções – geral; emoções – alegria; emoções – tristeza; emoções – raiva; lexicalizada – total; lexicalizada – alegria; lexicalizada – tristeza; lexicalizada–raiva; deslexicalizada–total; deslexicalizada–alegria; deslexicalizada–tristeza; deslexicalizada–raiva; maior intensidade–total; maior intensidade–alegria; maior intensidade–tristeza; maior intensidade–raiva; menor intensidade–total; menor intensidade–alegria; menor intensidade–tristeza; menor intensidade–raiva; lexicalizada–maior intensidade; lexicalizada–menor intensidade; deslexicalizada–maior intensidade e deslexicalizada–menor intensidade. Com base nessa proposta metodológica foi constatado que em todas etapas do Teste Perceptivo, ambos os grupos integrados de pessoas com esquizofrenia (SECAISs e SEMIIs) tiveram desempenho inferior ao dos sujeitos controles (SCs). Essa performance foi considerada significativa estatisticamente, com a aplicação do teste-t, em 13 das 24 etapas do teste perceptivo (54,17%) na pesquisa conduzida com os SECAISs e em 15 das 24 etapas (62,50%) do exame feito com os SEMIIs. As etapas que ambos os grupos evidenciaram representatividade estatística foram: emoções-geral, deslexicalizada-total, maior intensidade-total, maior intensidade-alegria, menor intensidade total, lexicalizada-maior intensidade, deslexicalizada-maior intensidade e deslexicalizada-menor intensidade. Enquanto os SECAISs mostraram mais dificuldade nas pistas acústicas que simulavam a raiva, os SEMIIs obtiveram maior embaraço nos estímulos que representavam a alegria. Ambos os grupos de pacientes com esquizofrenia evidenciaram número de acertos inferior aos SCs nas frases lexicalizada. O desempenho dos SECAISs e dos SEMIIs foram ainda mais baixos nos estímulos deslexicalizados. No que se refere à intensidade, os participantes acometidos pela esquizofrenia tiveram pior escore que os SCs nas pistas acústicas que reproduziam as emoções em maior e menor intensidade. Porém, feita a análise intracondições, foi constatado que a condição intensidade só foi representativa para os SEMIIs e para os SCs, os SECAISs não denotaram significância estatística entre os estímulos de maior e menor intensidade. As pesquisas que fundamentaram esta tese possibilitam o entendimento que os indivíduos com esquizofrenia tem dificuldades singulares na percepção e no entendimento prosódico, o que pode auxiliar na consecução de um diagnóstico e de um tratamento mais adequado para essa população |