Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Moraes, Jéssica Maria Muniz |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6138/tde-13112023-150730/
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Resumo: |
Introdução: A maioria dos estudos em alimentação e nutrição ainda focam no consumo alimentar e atestam baixa aderência às recomendações oficiais. Menos estudos investigam como julgamentos e percepções de saudabilidade influenciam a alimentação; e estes quando realizados, geralmente envolvem amostras homogêneas e não costumam comparar países, o que limita compreensões socioculturais. Objetivos: Avaliar e comparar os julgamentos e percepções da saudabilidade de alimentos entre adultos leigos no Brasil (BR) e Alemanha (DE) (1) explorando os alimentos mais frequentemente listados como \"saudáveis\" e \"não saudáveis\" e as razões destes julgamentos; (2) avaliando se existem incongruências entre o julgamento de saudabilidade destes alimentos e a frequência de consumo dos mesmos, considerando características individuais dos participantes; e (3) examinando o efeito de quatro alegações (controle, foco em nutrientes, foco no processamento e indulgente) na percepção de saudabilidade de um alimento tipicamente considerado \"não saudável\", na capacidade percebida deste alimento afetar o peso, adequação deste alimento num dia alimentar saudável, sua estimativa calórica e desejo de comer. Métodos: Estudo online transversal com abordagem qualitativa, quantitativa e experimental. Foram utilizadas perguntas abertas e fechadas avaliando julgamentos e percepções da saudabilidade de alimentos, avaliação da frequência de consumo alimentar e questionário sociodemográfico. Análises incluíram Índice de Saliência de Smith, princípios de Análise de Conteúdo, cálculo de escores de incongruência entre julgamento de saudabilidade e frequência de consumo e Modelos Lineares Gerais (GLM) controlados por variáveis sociodemográficas e/ou nível de fome. Resultados: Sobre o objetivo 1, os participantes [BR n=205, DE n=150, média 40,3 (DP =13,3) anos] listaram principalmente alimentos in natura ou minimamente processados como saudáveis, enquanto alimentos do tipo fast food, doces e processados como não saudáveis. Alguns itens de cunho cultural também foram acentuados (ex.: arroz, feijão no BR vs. batata e pão na DE). Em ambos países, as principais razões dos julgamentos foram conteúdo nutricional dos alimentos, reforçando a dicotomia de \"bom/saudável\", \"ruim/não saudável\" e centraram-se nos benefícios ou malefícios ao corpo (ex.: prevenção ou causa de doenças, controle de peso). Quanto ao objetivo 2 [BR n=282, DE n=248, média 43,2 (D=14,3) anos], houve evidência de incongruência entre o julgamento de saudabilidade e a frequência de consumo alimentar, especialmente no BR (p = 0,01, d = 0,23). As principais características associadas às incongruências (ps < 0,048, η2ps > 0,01) foram gênero (ds > 0,27), idade (βs > 0,14) e preocupação com saúde (βs > 0,12). E sobre o objetivo 3 [BR n=291, DE n=343, média 42,8 (DP=14,6) anos], as alegações com foco em nutrientes e processamento tornaram as percepções do alimento como mais saudável em comparação às alegações controle e indulgente nos dois países (ps < 0,001, ω2s > 0,04), e não houve efeito das alegações sob o desejo de comer (p = 0,258, ω2 = 0,001). Os brasileiros, no entanto, foram mais afetados pelas alegações (ds > 0,55) e não houve indicação que a alegação com foco no processamento foi mais relevante para a amostra brasileira comparada a alegação com foco em nutrientes (ds > 0,10). Conclusão: Houveram mais semelhanças que diferenças entre países de contexto socioculturais diferentes. Os resultados sugerem uma perspectiva reducionista sobre saudabilidade, com acentuado foco nos nutrientes. Os julgamentos de saudabilidade, no entanto, não se traduzem em relato de consumo, evidenciando assim incongruências. Ainda, as alegações alimentares influenciaram de forma diferente as percepções sobre o mesmo alimento, mesmo este sendo tipicamente considerado não saudável. |