\"Apoie uma criança\": os usos da infância na Missão das Universidades para a África Central (1864-1908)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Folador, Thiago de Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-02122024-133347/
Resumo: Esta pesquisa investiga como a Missão das Universidades para a África Central (UMCA) articulou suas relações com crianças africanas e europeias no desenvolvimento de seu projeto de cristianização na África. A UMCA foi uma sociedade missionária cristã formada principalmente pelas universidades inglesas de Cambridge e Oxford em 1860. Os missionários se instalaram na ilha de Zanzibar em 1863 onde iniciaram o trabalho com crianças resgatadas do tráfico de escravizados do oceano Índico. Crianças libertadas das embarcações árabes e suaílis foram enviados para os cuidados dos missionários, ensino e a assistência. Entre os anos de 1875 e 1910 ocorreu uma grande expansão do trabalho missionário que abrangeu os atuais territórios da Tanzânia, norte de Moçambique e Maláui. Ao longo desse processo procurou-se identificar as práticas dos missionários voltadas para as crianças e jovens e os usos que foram feitos delas se relacionou com a arrecadação de fundos para o trabalho da instituição. O objetivo central é discutir como as crianças e jovens africanos foram objetos das ações missionárias de cristianização, procurando investigas como os discursos sobre as crianças foram mobilizados para garantir o apoio britânico ao trabalho missionário e como consequência como foi produzido um imaginário sobre a infância africana. Além disso, evidencia-se as relações entre a participação europeia da sociedade britânica e seu apoio ao suporte financeiro de crianças africanas. A metodologia empregada foca na análise dos periódicos, fundamentais para o trabalho missionário, no qual compreende-os dentro de seus processos de produção, circulação e escrita, analisando as apropriações dos discursos sobre as crianças e o registro de atividades ligadas à infância em relação ao funcionamento da missão. As conclusões indicam que a relação entre crianças e doações foi central no cenário missionário do século XIX. Os missionários utilizaram diferentes práticas e discursos sobre a infância para mobilizar o interesse britânico na causa missionária na África. A solicitação de doações para a cristianização das crianças africanas mobilizou o público britânico, como consequência reforçou estereótipos raciais e de vulnerabilidade, perpetuando a ideia de que as vidas das crianças africanas eram dependentes da ajuda filantrópica dos europeus