\"Sapata sim. Às vezes...pra quê, né?\": O negociar, o performar e o passar por de profissionais de educação física lésbicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Polo, Maria Clara Elias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-04102024-153553/
Resumo: Nesta tese, objetivei analisar como profissionais de educação física lésbicas performam e negociam lesbianidades nas áreas de atuação profissional. Para responder ao objetivo, empreendi uma etnografia por um período de 12 meses. Acompanhei 3 profissionais de educação física lésbicas no campo de atuação do bacharelado, especialmente em uma instituição esportiva, em quadras de areia e em uma produtora de conteúdos audiovisuais. Utilizei diários de campo, aplicativos de celular para registro, gravadores, máquina fotográfica. Conversas de whatsapp, interações em redes sociais foram consideradas, agrupadas e selecionadas. Para descrever as cenas, situações, quereres e questões trabalhadas em campo, realizo um experimento etnográfico-literário me apoiando em uma análise interseccional. A parte I da tese, é dedicada a apresentação do campo, das interlocutoras de pesquisa e ao referencial teórico que sustenta a proposta para analisar a parte II da tese, que chamamos de \"ontologia de purificação de domínios\". Essa ontologia, são as formas de organização da vida, os agenciamentos e arranjos muito eficazes, produzidos pelas interlocutoras. Nesses agenciamentos, é possível observar uma gama de experimentos sofisticados produzidos pelas interlocutoras, os quais buscam isolar as questões que envolvem intimidade e lesbianidade de questões referentes às transações econômicas e atuação profissional. Para tanto, utilizam de dispositivos como o \"armário\" e o \"passar por\" mulheres heterossexuais em determinadas situações. Com base no campo etnográfico, notamos que uma das principais questões que atravessa essa tese é o neoliberalismo. Este marco econômico suscita e estimula questões delicadas sobre a natureza dos relacionamentos, mas ao mesmo tempo, conseguimos assumir que o dinheiro coabita regularmente com a intimidade e inclusive, a sustenta. A monetização da vida econômica influencia as experiências de intimidade, sobre desejos, sobre sexualidade, sobre medos. O que acontece em campo pode ser considerado como uma espécie de determinação de normas humanas pelos imperativos econômicos. Percebemos nessa tese, como as profissionais de educação física lésbicas trabalham, se cuidam, partilham das vivências econômicas e domésticas, onde chefes, outras personais, alunas, amigas, crushes-alunas, estão continuamente envolvidas em manter, reforçar, testar as relações mútuas em um mundo profundamente relacional. Nos deparamos com mulheres lésbicas que estão em redes de relações sociais e que constantemente consideram a repercussão de qualquer relação ou revelação íntima para terceiras. Ao observar que não encontrei mundos totalmente separados de economia e sentimento, emoção e intimidade, tampouco observei \"mercado econômico\" em todas as situações, apresento para o campo de produção teórica em Educação Física, uma possível abordagem para negociar as intimidades na nossa área de atuação: a noção de vidas conexas.