Identificação da mutação c.983C A no gene F12 por discriminação alélica: papel no diagnóstico de angioedema hereditário com inibidor de C1 normal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Dias, Marina Mendonça
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-09052019-132923/
Resumo: O angioedema hereditário (AEH) é uma doença autossômica dominante, caracterizada por episódios recorrentes de edema subcutâneo, do trato gastrointestinal e das vias aéreas superiores. Em sua forma clássica, o AEH é causado por deficiência do inibidor de C1 (C1- INH) e está associado a mutações no gene SERPING1. Recentemente, foi descrito o AEH com inibidor de C1 normal, resultante de mutações no gene F12, que codifica o Fator XII da coagulação (FXII), denominado AEH-FXII; e de mutações nos genes PLG e ANGPT1, que codificam Plasminogênio e Angiopoietina-1, caracterizando os tipos AEH-PLG e AEHANGPT1. O AEH com inibidor de C1 normal não cursa com diminuição de C1-INH quantitativo e/ou funcional, ou de C4, sendo o diagnóstico realizado pela presença de sintomas clínicos sugestivos e história familiar. Os objetivos do presente estudo foram: avaliar a discriminação alélica como método alternativo ao sequenciamento por método de Sanger, para o diagnóstico de AEH com inibidor de C1 normal por mutação c.983C>A no gene F12; determinar se a discriminação alélica seria uma técnica de melhor custo-benefício; e investigar outras mutações previamente descritas no exon 9 do gene F12, e nos genes PLG e ANGPT1 em pacientes com suspeita clínica de AEH com inibidor de C1 normal, e negativos para mutação c.983C>A em F12. Cento e oitenta e quatro indivíduos incluindo 51 pacientes- índice com suspeita clínica de AEH com inibidor de C1 normal, e seus familiares, foram previamente investigados por sequenciamento de Sanger. Esses indivíduos foram investigados por discriminação alélica, e a concordância entre os resultados para a mutação c.983C>A foi verificada por estatística Kappa. Custos e tempo de execução entre os dois métodos foram avaliados. Casos-índice negativos para a mutação c.983C>A no gene F12 foram avaliados para outras mutações no exon 9 do gene F12 e para mutações previamente descritas c.988A>G e c.807G>T em PLG e ANGPT1, respectivamente, usando sequenciamento por método de Sanger. Mutação no gene F12 foi identificada em 96 indivíduos (24 pacientes- índice e 72 familiares). Em todos esses pacientes foi encontrada a mutação c.983C>A. 88 indivíduos foram negativos para esta mutação. Os resultados foram 100% concordantes entre os dois métodos. Setenta e um dos 96 pacientes positivos para mutação c.983C>A eram do sexo feminino; 78,9% e 56% eram pacientes sintomáticos do sexo feminino e masculino, respectivamente. A discriminação alélica apresentou custo e tempo de execução 79,7% e 82,3% menores em comparação ao sequenciamento por Sanger, respectivamente. Outras mutações no gene F12, e mutações em PLG e ANGPT1 não foram encontradas. Entre os pacientes negativos para mutações associadas ao AEH com inibidor de C1 normal, 11 foram diagnosticados como AEH-desconhecido e 16 como angioedema idiopático adquirido não histaminérgico. Os resultados do presente estudo nos permitiram construir um algoritmo para diagnóstico de pacientes com AEH com inibidor de C1 normal. Em áreas onde a mutação c.983C>A em F12 é predominante entre pacientes com AEH-FXII, a discriminação alélica pode ser um método adequado para screening inicial. Em pacientes com resultados negativos, sequenciamento do exon 9 de F12 pelo método de Sanger estaria indicado. Pacientes remanescentes com resultados negativos seriam genotipados para mutações previamente descritas em PLG e ANGPT1. Estudos futuros em outros locais serão necessários para estabelecer se a discriminação alélica apresentaria melhor custo-benefício, com potencial para mais acessibilidade ao diagnóstico em pacientes portadores da doença no Brasil