Deposição de material orgânico e nutrientes em uma floresta natural e em uma plantação de eucaliptos no interior do Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1980
Autor(a) principal: Carpanezzi, Antonio Aparecido
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11142/tde-20210918-210637/
Resumo: No Brasil as plantações florestais com espécies de <i>Pinus</i> e <i>Eucalyptus</i> somam quase 3 milhões de hectares. A taxa anual de aumento de área plantada e 200-250 mil hectares. Todavia, há carência de estudos ecológicos sobre plantações florestais e sobre ecossistemas naturais. A dinâmica funcional dos ecossistemas é pouco conhecida, e não há dados numéricos para avaliar os efeitos da substituição das vegetações nativas pelas plantações, ou para identificar fatores potencialmente limitantes à produtividade das plantações. Neste estágio de conhecimentos, investigações sobre o ciclo biológico de nutrientes são consideradas como um passo inicial importante para a compreensão dos ecossistemas florestais. O presente trabalho trata da deposição de material orgânico e de seus nutrientes em dois ecossistemas florestais contíguos, localizados em Lençóis Paulista; SP. Um dos ecossistemas é uma área de floresta ripária subtropical latifoliada semidecídua, madura. O outro corresponde a uma plantação comercial de eucaliptos, de 4 a 5 anos de idade, plantada com <i>Eucalyptus saligna</i> Smith e replantada, em cerca de 40% das covas, com <i>E. grandis</i> Hill ex Maiden. A vegetação original do local da plantação de eucaliptos era um cerrado aberto. O solo da mata é mais rico em nutrientes e tem maior teor de argila que o solo do eucaliptal. Em ambos os ecossistemas o material decíduo foi coletado em bandejas quadradas de 1m<sup>2</sup> de área de recepção, por um período de 15-16 meses. O material coletado foi dividido em 3 frações: folhas, ramos e miscelânea. Foram efetuadas análises químicas para determinar N, P, K, Ca e Mg. A amostragem baseada em bandejas de 1m<sup>2</sup> foi adequada somente para a mensuração da queda de folhas. Há indícios de que a amostragem por bandejas pode ser utilizada para a medição da fração miscelânea em florestas naturais similares à de Lençóis Paulista. Para a mensuração de cascas decíduas e da queda de partes lenhosas (incluindo ramos de todos os diâmetros e caules) é recomendada a adoção de parcelas apropriadas. As medias anuais de deposição de material orgânico e nutrientes foram (estão descritas em tabela na dissertação). As folhas constituíram a principal fração do material coletado nas bandejas, equivalendo a cerca de dois terços do total, tanto na mata como no eucaliptal. O padrão de variação estacional da deposição foliar diferiu nos dois ecossistemas. Na mata, a deposição foi mais intensa no período de agosto a novembro, aproximadamente, o qual normalmente corresponde ao final da estação mais fria e de menor precipitação e ao início das chuvas. No eucaliptal a deposição foliar mais intensa ocorreu de dezembro a março, aproximadamente, enquadrando-se dentro do período quente e chuvoso. Os valores anuais médios da fração foliar e da deposição total de material orgânico foram maiores na mata. Comparados com valores da literatura mundial obtidos por amostragem com bandejas, os valores da mata são elevados para a latitude local, e aproximam-se de valores considerados próprios de florestas tropicais úmidas; as taxas de deposição do eucaliptal são considerados normais para a latitude local. Há indícios de existência de relação entre deposição foliar e área basal em eucaliptais de alta produtividade do interior do Estado de São Paulo, em idade próxima ao primeiro corte, e de que o valor da relação é em torno de 230-260 Kg/m<sup>2</sup>. Os valores das concentrações em nutrientes das frações decíduas da mata e os das quantidades de nutrientes vindas ao solo pela deposição do seu material orgânico são próximas aos valores mais elevados relatados pela literatura mundial. Os valores correspondentes do eucaliptal são próximos aos de outros ecossistemas de <i>Eucalyptus</i>, e são acentuadamente inferiores aos valores da mata. A deposição de material orgânico e seus nutrientes constituem apenas aspectos parciais da dinâmica de ecossistemas florestais, e necessitam de outras informações para que possam ser claramente interpretadas e para que possam ser utilizadas na definição de ações práticas, como a adubação. Por este motivo, são fornecidas sugestões para futuras pesquisas, consideradas prioritárias no estágio atual de conhecimentos.