Assistir e ser assistida: vias e limites de uma estética existencial, tateando a obra de Søren Kierkegaard

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Pacheco, Deise Abreu
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27155/tde-12072018-165814/
Resumo: A presente pesquisa investiga uma modalidade de prática estética no campo das artes cênicas, desenvolvida com a participação de artistas e outros interessados. Fundada em uma perspectiva existencial da experiência estética, tal modalidade baseia-se em pressupostos elaborados a partir do estudo de aspectos da obra do autor dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855) e apresenta uma dupla problemática: a singeleza do desejo de expressar a existência poética e a ambiguidade contida em um tema kierkegaardiano por excelência: a vontade de tornar-se si mesmo. A noção de estética existencial é abordada no plano dessa modalidade de prática que, situada filosoficamente no contexto da obra A Doença para a Morte (1849), no âmbito do chamado \"desespero-desafio\" e da \"existência poética orientada ao religioso\", tateia os limites da linguagem verbal, compreendida como \"espaço de possibilidade\", a fim de facultar uma interlocução sui generis entre pontos específicos da rota de leitura perscrutada e os efeitos estéticos de sua recepção. Assim, paralelamente às questões focalizadas em A Doença para a Morte, a escrita trilha a via da participante em primeira pessoa, procurando se acercar da problematização suscitada pela prática proposta, mediante um itinerário peculiar de leitura de alguns tópicos presentes na produção pseudonímica de Kierkegaard, particularizados em capítulos selecionados das obras: Ou-Ou. Um Fragmento de Vida (1843); Temor e Tremor. Lírica Dialética (1843); A Repetição. Um ensaio em Psicologia Experimental (1843); Estádios no Caminho da Vida. Estudos por pessoas diversas (1845). Por meio dessa rota de leitura buscamos circunscrever, fundamentalmente, as vias e os limites da idealidade estética pela afirmação de duas instâncias existenciais que escapam à linguagem verbal e, portanto, resistem à representação: o erótico imediato e a fé. Com esse escopo, a tese se compõe de três partes: Ato I: apresentação do princípio e dos limites da noção de estética existencial no campo problematizado por nossa prática, a partir da relação entre estética e existência; Ato II: exposição das vias da prática estética em seus pressupostos, com a identificação dos artistas e participantes na pesquisa na qualidade de coautores, e do Livro de Cultivo, método-objeto criado para abrigar as proposições estéticas associadas ao Stemning, título do primeiro capítulo da obra Temor e Tremor, eixo central da nossa prática. Em acréscimo, investigação conceitual acerca da própria noção de stemning (do dinamarquês: \"atmosfera\", \"disposição\", \"afinação\", \"tonalidade afetiva\", \"estado de espírito\", \"ambiência\"), vinculada à instância do erótico imediato; Ato III: reconhecimento do ato de assistir e de ser assistido como finalidade da recordação pelo entendimento de que recordar a obra é assisti-la; exame da idealidade estética da recordação como poder poético. Com isso, articulamos nossa própria recordação da prática realizada por meio daquilo que consideramos o princípio formal da problematização: uma recordação filmada, que consiste no \"processo de produção\" [making of] da coleta ou colheita das resultantes estéticas geradas pelo envolvimento dos participantes, na posição tanto de produtores como de espectadores.