Mulheres e interseccionalidade: as possibilidades da fabricação digital como uma plataforma viável ao design assistivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Soares, Juliana Maria Moreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16140/tde-18012022-165743/
Resumo: Esta tese de doutorado vem trabalhar com as seguintes questões: mulheres e a produção de Tecnologia Assistiva (TA) através da fabricação digital em ambientes do tipo Fab Lab. Mais especificamente, o ambiente abordado é fruto de uma iniciativa pública de implantação de espaços dedicados à fabricação digital dentro da cidade de São Paulo/SP. Essa interseccionalidade do tema é recente e leva a uma abordagem original em âmbito nacional, na medida em que há uma escassez de literatura nesse sentido. A presente pesquisa tem como intenção explorar as relações das mulheres que compartilham a experiência da deficiência de maneira inerente as mães de crianças com deficiência desenvolvimento de Tecnologia Assistiva (TA) e sua experiência e presença em laboratórios de fabricação digital, visando o desenvolvimento de produtos assistivos aos seus filhos. Dessa forma, estar presente nesses espaços de produção é o tema chave de discussão desta pesquisa. As possibilidades, os impactos e a abertura desses locais para o tipo de público do estudo tornam-se as questões fundamentais de investigação. O trabalho foi desenvolvido através do contato dessas mulheres com a rede pública de laboratórios de fabricação digital Fab Lab Livre SP. Como metodologia deste estudo exploratório-qualitativo, houve a oportunidade de aplicação de métodos exploratórios oriundos da etnografia e da pesquisa narrativa, como imersões em contextos, rodadas de escuta ativa e aplicação de questionários semiestruturados. Cabe ressaltar que a fabricação digital vêm exercendo um importante papel na experimentação e desenvolvimento das tecnologias de apoio às pessoas com deficiência, sendo já visualizadas soluções nessa área por diversos tipos de atores (e.g. grandes empresas, startups e usuários comuns). Entre os achados da pesquisa, encontra-se o fato de que esses espaços têm sustentação dentro de ciclos de apropriação coletiva dos conhecimentos, que transcendem a lógica individual comumente alicerçada sobre a implantação desses locais. Dentro disso, a pluralidade de corpos e mentes deve cada vez mais estar inclusa como fator inerente à construção de ambientes acessíveis e fermentadores de novas ideias, como as trazidas pelas mulheres. Percebeu-se nesses espaços, máquinas e sistemas sociotécnicos a potencialidade voltada às políticas e práticas amadoras de desenvolvimento de produtos na área de TA, historicamente alijadas de parte da população que delas poderiam se beneficiar não negligenciando a necessidade de validação por parte dos responsáveis da área de saúde que acompanham os usuários desses produtos. A jornada das mulheres dentro de tais espaços extrapola-se, então, para além do espaço de apropriação tecnicista das linguagens, indo ao encontro da formação de um corpo de tecnologias sociais baseada também na oralidade, na construção de vínculos e no fortalecimento comunitário dos saberes.