Resumo: |
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: A vigilância ativa (VA) é uma opção terapêutica para o câncer de próstata (CaP) de baixo risco no entanto cerca de 40% dos pacientes progridem durante o seguimento; e até o momento não existem marcadores validados que identifiquem previamente com boa acurácia os pacientes com maior chance de progressão. O objetivo foi correlacionar as expressões de ERG e PTEN em biópsia de próstata por imuno-histoquímica (IH) com a chance de progressão e o prognóstico de pacientes com CaP de muito baixo risco em protocolo de VA. MÉTODOS: Avaliamos retrospectivamente 120 pacientes com diagnóstico de CaP de muito baixo risco em protocolo de VA em nossa instituição entre 2013 e 2018. Correlacionamos a expressão proteica por IH de PTEN e ERG na biópsia representativa do CaP ISUP I com a chance de progressão durante a vigilância, com os fatores clássicos de prognóstico e com o escore PI-RADS da ressonância magnética. A progressão foi estabelecida pela progressão histopatológica na rebiópsia, definida por aumento do escore de Gleason 7 ou elevação do PSA acima de 10 ng/mL ou mais de 3 fragmentos positivos ou mais de 50% de acometimento de um fragmento. Nos pacientes com progressão e tratados com cirurgia correlacionamos a expressão dos marcadores em biópsia e espécime cirúrgico dispostos em tissue microarray com a sobrevida livre de recidiva bioquímica (SLRB). Em outra coorte de 109 pacientes com CaP de muito baixo risco e candidatos a VA, mas que foram tratados diretamente com cirurgia em nosso serviço, correlacionamos a expressão dos mesmos marcadores na biópsia e no espécime cirúrgico com os fatores de prognóstico e com a SLRB. RESULTADOS: Dos 120 pacientes iniciais da série de VA, 101 foram avaliados e 81 (80%) apresentaram progressão durante seguimento médio de 4,1 anos. O principal critério de progressão foi o aumento do escore de Gleason 7, em 59 casos (72,8%). Dos 72 pacientes tratados com cirurgia ou radioterapia, 7 apresentaram recidiva bioquímica no seguimento médio de 39,7 meses. Observamos na biópsia expressão positiva de ERG em 38 casos (39,6%) e expressão negativa de PTEN em 12 (12,6%). Perda da expressão de PTEN na biópsia foi associada a maior chance de progressão por aumento do escore de Gleason 7 (OR=9,750, IC95%=1,203-78,987, p=0,011). A expressão positiva de ERG na biópsia esteve associada a PIRADS ! 4 durante a VA (OR=2,841, IC95%=1,113-7,252, p=0,026); enquanto que a expressão negativa de ERG com expressão positiva de PTEN na biópsia associou-se a menor chance de PI-RADS 4 (OR=0,313, IC95%=0,125-0,783, p=0,011). Aumento da porcentagem de fragmentos acometidos e escore de PI-RADS 4 foram fatores preditores independentes para progressão por escore de Gleason durante a VA (OR=4,78, IC95%=1,21-18,84, p=0,001 e OR=17,76, IC95%=5,93-53,23, p<0,001, respectivamente). Na coorte de 109 pacientes com CaP de muito baixo risco e tratados com cirurgia, analisamos a expressão de ERG e PTEN na biópsia em 89 casos, sendo observado expressão positiva de ERG em 16 casos (19,3%) e expressão negativa de PTEN em 5 pacientes (7,4%). Em 49 meses de seguimento médio, 7 pacientes apresentaram recidiva bioquímica. A expressão positiva de ERG na biópsia esteve associada a pior SLRB em 5 anos (71,4% vs. 93,9%, p=0,002). A co-expressão positiva de ERG e PTEN na biópsia associou-se também a pior SLRB (68,4% vs. 92,8% em 5 anos, p=0,004). No espécime cirúrgico a expressão negativa do PTEN se correlacionou com maior escore de Gleason (OR=2,941, IC95%=1,234-7,009, p=0,014). CONCLUSÃO: Observamos que a perda de PTEN e a expressão positiva de ERG estão associados ao pior prognóstico de pacientes com CaP de muito baixo risco em VA, sendo, portanto, potenciais candidatos a biomarcadores de prognóstico neste cenário |
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