Relações entre inovação dos projetos de ensino de ciências e as políticas educacionais e científicas dos EUA na década de 1950

• Ano de defesa: 2024
• Autor(a) principal: Lopez, Felipe Sanches
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Education reform; Educational polity; Educational project; Ensino de ciências; Física - Estudo e ensino; História da educação; History of education; Physics - Study and teaching; Política educacional; Projeto educacional; Reforma do ensino; Science teaching
• Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-23092024-103141/

Vivemos em uma época em que a ideia de inovação está em voga, seja para expressar transformações tecnológicas ou educacionais. Na Educação e, em particular, no Ensino de Ciências, diversas inovações são propagandeadas como solução para vários problemas enfrentados pela educação científica. Neste doutorado, investigamos as condições socioculturais-históricas que permitiram a criação e desenvolvimento de um projeto de ensino de ciências inovador. Para identificar tais condições, realizamos uma investigação de um caso histórico de grande importância para a área de Ensino de Ciências no Brasil: o Physical Science Study Committee (PSSC), um projeto estadunidense de Ensino de Física desenvolvido na década de 1950. Ainda hoje, a influência do PSSC no campo de formação de professores de física é inegável, sendo tratado, nos cursos de formação de professores de física das principais universidades brasileiras, como uma proposta que mudou os rumos da educação científica à época de sua produção e disseminação. Nosso objetivo de pesquisa foi investigar as condições socioculturais-históricas que permitiram a criação e desenvolvimento do PSSC, determinando os objetivos educacionais, científicos e políticos pretendidos e identificando as condições necessárias para a implementação dessa inovação na educação científica daquele país. A investigação foi baseada na Teoria da Atividade Cultural-Histórica, que considera o desenvolvimento histórico das atividades humanas como um sistema complexo de atividades coordenadas. Baseamo-nos em fontes primárias sobre economia, legislação, ensino, ciência e documentos do próprio comitê, analisadas a partir da Análise Documental. Como resultados, identificamos três níveis de prioridade para o ensino de ciências ao longo da década de 1950. Entre 1950 e 1953, o ensino de ciências era visto como não prioritário, principalmente devido à Guerra da Coreia. No período seguinte, entre 1954 e 1957, o ensino de ciências foi considerado importante para o desenvolvimento econômico, trazendo melhorias para a população. Por fim, de 1957 a 1960, após o lançamento do Sputnik I, o ensino de ciências foi diretamente relacionado à segurança nacional. A partir da complexificação do conceito de Agência Transformativa por Estímulo Duplo (TADS, do inglês) aplicado a sujeitos institucionais, foi possível identificar os motivos que levaram à criação do PSSC em 1956, bem como os motivos auxiliares que culminaram na superação de um conflito entre a visão de superioridade científico-tecnológica dos Estados Unidos e a priorização dos setores militares em detrimento do setor educacional. Analisando documentos obtidos nos arquivos do PSSC, o comitê foi examinado em dois níveis hierárquicos: primeiro, como atividade, investigando como suas ações foram coordenadas para criar materiais didáticos; segundo, como ação, examinando como o PSSC se articulou com outras atividades visando restabelecer a hegemonia científico-tecnológica dos Estados Unidos no contexto do conflito geopolítico com a União Soviética. Com esta tese, esperamos contribuir para as discussões sobre inovações e mudanças educacionais ocorridas no Brasil e no mundo nos últimos anos. Em particular, buscamos esclarecer as condições que levam a essas mudanças e identificar os aspectos sociais, econômicos e culturais envolvidos nesse processo.