Concentração de chumbo em dentes de crianças com alterações neurológicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Saiani, Regina Aparecida Segatto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/58/58135/tde-25052012-090550/
Resumo: Introdução: A exposição ambiental ao chumbo é uma questão séria do ponto de vista de saúde pública, pois quando ocorre nos primeiros meses e anos de vida pode levar a sequelas neurológicas e comportamentais graves. Objetivos: 1- Determinar a concentração de chumbo obtida por meio de microbiópsias de esmalte realizadas in vivo em esmalte de dentes permanentes ou decíduos de pacientes com problemas neurológicos em tratamento ambulatorial no HCFMRP-USP e comparar os resultados em diferentes grupos de acordo com o diagnóstico. 2- Verificar o perfil dos valores de chumbo segundo informações relacionadas à exposição a esse metal dos referidos pacientes. Método: Uma microbiópsia foi realizada in vivo na superfície do esmalte de crianças de 5 a 12 anos, de ambos os gêneros, atendidas sequencialmente, sem conhecimento sobre a doença, em dois ambulatórios da área de Neurologia do HCFMRP-USP. O chumbo foi medido por espectrometria de absorção atômica com forno de grafite, e o fósforo foi medido colorimetricamente para determinarmos a profundidade da microbiópsia. Uma vez que a profundidade da microbiopsia não pode ser prevista, mas é um factor que influencia o resultado e que temos conhecimento que as concentrações de chumbo diminuem a partir da superfície para o interior do esmalte uma fórmula matemática foi utilizada para calcular a quantidade de chumbo que seria teoricamente encontrada em cada dente à mesma profundidade, e à profundidade seleccionada foi a média de todas as profundidades. As mães ou acompanhantes responderam a um questionário sobre fatores de risco de exposição ao chumbo. Os diagnósticos neurológicos foram obtidos por análise dos prontuários, posteriormente às microbiópsias, sendo criados cinco grupos independentes de crianças, com base na queixa principal: 1 - síndrome motora, SM (N=31); 2 - epilepsia, E (N=25); 3 - cefaléia, C (N=13); 4 - dificuldade escolar, DE (N=11); 5 - distúrbio do comportamento, DC (N=32). Resultados: A profundidade média das microbiópsias foi 3,16 m. Nas concentrações de chumbo obtidas não houve distribuição de Gauss, assim os valores de média, valores máximos e mínimos obtidos em cada grupo foram: 1 - 103,0, 395,0; 2,0. 2 - 64,8, 233,0; 4,0. 3 - 140,3, 434,0; 10,0. 4 - 135,8, 366,0; 38,0. 3 - 158,3, 476,0; 1,9. A análise dos valores de chumbo evidenciou que não houve correlação entre a idade das crianças e os valores de chumbo (Pearson r = -0,016; p = 0,86). Não se observou diferença significativa entre os gêneros (t-test p = 0,55) e também entre os dentes decíduos e permanentes (t-test p= 0,11). Quanto aos grupos com diagnósticos neurológicos, comparando os cinco grupos (ANOVA oneway), houve significância com valor de p= 0,004. O pós teste de Tukey evidenciou diferença significativa, sendo menores os valores de chumbo no grupo com epilepsia em relação aos grupos com dificuldade escolar e distúrbio de comportamento. Na análise dos fatores de risco, ocorreu maior número de crianças que brincam com pilhas no grupo cuja queixa principal era cefaléia em relação ao grupo com deficiência motora (p= 0,002). Não houve diferenças significativas, em nível de 5%, quanto aos valores de chumbo entre os casos com respostas positivas (p=0,53) ao questionário, nem entre as negativas (p=0,99) e nem entre ambos, comparando-se cada um dos fatores. O mesmo ocorreu na análise intragrupo para cada um dos cinco grupos de diagnósticos e entre os grupos. Conclusões: No presente estudo, encontramos maiores valores de chumbo no esmalte superficial em grupos de crianças com dificuldade escolar e distúrbio do comportamento em relação àquele com epilepsia; e ainda, o achado de que os fatores ambientais de risco estudados não tiveram relação com as diferenças observadas entre esses grupos suscita indagações e necessidade de aprofundamento em pesquisas sobre os efeitos danosos do chumbo no tecido neural, mesmo quando se trata de uma população que vive em áreas consideradas sem risco ambiental e com valores de chumbo no sangue (quando são medidos, o que não é o caso deste estudo) abaixo do limite de intervenção.