Estudo clínico fase II, randomizado, duplo-cego, sobre o uso da ranitidina em pacientes diabéticos com sepse grave e choque séptico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Zoppi, Daniel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-09042021-100600/
Resumo: A sepse é definida como uma disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do organismo a uma infecção, sendo responsável por uma alta e crescente taxa de internação hospitalar no Brasil e no mundo. Muitas comorbidades, como o diabetes, podem predispor à infecção e, consequentemente à sepse. Camundongos diabéticos com sepse apresentaram uma expressão menor de CXCR2 em neutrófilos, sendo que a administração de anti-H2 aumentou a expressão desses receptores e reduziu a mortalidade. Assim, esse estudo tem por objetivo avaliar se o uso da ranitidina, um anti-H2, nos pacientes portadores de diabetes mellitus com sepse grave ou choque séptico pode melhorar a resposta ao tratamento. Para isso, 36 pacientes portadores de diabetes mellitus, com sepse grave ou choque séptico, admitidos na Unidade de Emergência do HC-FMRP-USP entre outubro de 2014 a outubro de 2019, participaram de um estudo clínico fase 2, duplo cego, randomizado, com 2 grupos. A duração da intervenção foi de 7 dias, sendo que um grupo recebeu 300mg de ranitidina a cada 6 horas e o outro, placebo. Foram avaliados a expressão de CXCR2 na admissão (D0), no dia 2 (D2) e no dia 7 (D7), juntamente com parâmetros clínicos e dosagem de citocinas e NETs. Dentre os participantes, 18 pacientes receberam placebo (grupo A) e 17 ranitidina (grupo B). As características demográficas basais e o manejo da sepse foram semelhantes nos dois grupos. Apenas a média das glicemias dos pacientes que evoluíram para óbito foi maior no grupo que recebeu ranitidina (245mg/dL) em comparação com o placebo (149mg/dL) (p < 0,05). Não houve diferença significativa entre os grupos em relação ao escore SOFA, mortalidade, uso de droga vasoativa, ventilação mecânica, terapia renal substitutiva, tempo de internação e complicações hospitalares. Destaca-se que os pacientes sépticos apresentaram expressão de CXCR2 significativamente maior do que os controles saudáveis (52% vs 85%, respectivamente, p = 0,0063). Os pacientes sépticos que obtiveram alta hospitalar apresentaram um aumento significativo na expressão de CXCR2 no D7 em comparação à admissão (44% vs 68%, respectivamente, p = 0,02). Não houve diferença significativa na expressão de CXCR2 entre os grupos placebo e ranitidina. A administração de ranitidina reduziu significativamente os níveis de IL-6 e ST2 nos dias D2 e D7, respectivamente, em comparação com o grupo que recebeu placebo. Também, indivíduos com sepse grave que receberam ranitidina apresentaram menos NETs do que o placebo no D7. Concluímos que a administração de ranitidina em pacientes com diabetes mellitus sépticos reduziu a produção de citocinas inflamatórias e NETs, e não causou efeitos colaterais. Porém a ranitidina não alterou a expressão de CXCR2 em neutrófilos. Assim, a ranitidina pode ter um efeito benéfico no tratamento da sepse em paciente com diabetes mellitus, sendo ainda necessário a realização de mais estudos.