Repercussões da intervenção psicológica em pacientes com Síndrome do Intestino Irritável

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Valente, Guilherme Borges
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-20032017-124933/
Resumo: Na Psicossomática, dentro do modelo biopsicossocial, entende-se que respostas psicológicas a condições de vida podem interagir com fatores somáticos existentes, alterando a susceptibilidade e manifestação da doença, o que se mostra evidente nas somatizações, como na Síndrome do Intestino Irritável (SII), onde há alteração da motilidade intestinal e no formato das fezes, acompanhada de dores abdominais. O funcionamento mental associado às somatizações, no qual a pessoa apresenta dificuldade em relacionar o adoecimento com seu universo psicológico, é que a capacidade de simbolização, ou seja, a construção de representações mentais para o alívio do estado emocional, é afetada, cronificando as alterações fisiológicas correspondentes. O objetivo da pesquisa foi verificar se o atendimento clínico psicológico, baseado na técnica da Psicoterapia Breve Operacionalizada (PBO), com ênfase na promoção da capacidade de simbolização em relação a determinadas questões significativas, pode contribuir para a melhora dos sintomas no quadro clínico de pacientes com SII. O método utilizado na pesquisa foi o clínico-qualitativo, a partir do estudo de caso de duas pacientes adultas, com o diagnóstico principal de transtorno neurovegetativo somatoforme, portadoras de SII. A intervenção psicológica foi estruturada em três fases: 1) psicodiagnóstico, composto por entrevista semi-dirigida, Sistema Diagnóstico Adaptativo Operacionalizado (SISDAO) e Teste de Apercepção Temática (TAT), questionário de avaliação clínica da SII; 2) psicoterapia breve, em doze sessões; 3) reavaliação após seis meses. A capacidade de simbolização da primeira participante era comprometida fundamentalmente relacionada à sua dificuldade em lidar com a perda da mãe quando criança, num luto não elaborado. Apresentava dores abdominais forte, a cada dois ou três dias, evacuando uma vez ao dia e quando em crise, duas ou três vezes por dia. A segunda participante apresentou uma capacidade de simbolização que passava a ser comprometida quando o conflito entre o desejo de ser aceita por sua família, em especial sua mãe, e o de rompimento tornava-se insuportável. Apresentava dores moderada, a cada cinco dias, evacuando quatro vezes ao dia e, quando em crise, seis vezes ao dia. A intervenção clinico psicológica em pacientes com SII, baseada na técnica da PBO, com elaboração da demanda psicológica e das questões significativas que comprometiam a capacidade de simbolização, possibilitou a elaboração psicológica dos estados emocionais que estariam influenciando os sintomas da SII, de forma que contribuiu para a melhora do quadro clínico das participantes. Após seis meses da psicoterapia, a primeira participante apresentou dores fracas a cada cinco dias, frequência única de evacuação por dia, não apresentou crises. A segunda participante estava evacuando uma a duas vezes por dia, dores fracas a cada cinco dias e crises ocorriam em menor frequência. O modelo de intervenção mostrou-se vantajoso para as participantes da pesquisa, de forma que seu uso no tratamento clinico psicológica para pacientes com SII, levando em consideração as especificidades do funcionamento mental associado às somatizações, apresenta-se promissor