Uso de habitat e padrão de atividade de médios e grandes mamíferos e nicho trófico de Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus), Onça-Parda (Puma concolor) e Jaguatirica (Leopardus pardalis) numa paisagem agroflorestal, no Est

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Ciocheti, Giordano
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/41/41134/tde-16062008-135748/
Resumo: O presente trabalho visou analisar padrões de atividade e uso de habitats por mamíferos de médio e grande porte, bem como dieta e sobreposição de nicho trófico de espécies de felinos e canídeos, numa região fragmentada do estado de São Paulo. Na paisagem estudada, existem duas unidades de conservação de proteção integral com vegetação de cerrado e floresta semidecídua, além de fragmentos de floresta nativa (semidecídua) em propriedades privadas. As hipóteses gerais do trabalho são: em ambientes mais impactados, i. as espécies de mamíferos de médio e grande porte tendem a generalizar seu comportamento de uso de habitat e padrão de atividade e ii. predadores de topo de cadeia alimentar aumentam a competição por recursos alimentares. Para explorá-las, foram estudados, por meio de armadilhas fotográficas e triagem de fezes, os seguintes aspectos: a) a freqüência do uso de diferentes habitats por mamíferos de médio e grande porte; b) o padrão de atividade de mamíferos de médio e grande porte; c) a dieta e a sobreposição de nicho de três carnívoros de topo de cadeia alimentar: lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), onça-parda (Puma concolor) e jaguatirica (Leopardus pardalis). As coletas foram distribuídas em sete fragmentos, onde existem fitofisionomias nativas - cerrado sensu stricto, cerradão e floresta semidecídua - e também reflorestamento com espécies de eucaliptos. Foram obtidas 165, fotografias, nas quais identificou-se 17 espécies. Foram coletadas e identificadas 233 amostras de fezes, sendo 93 de lobo-guará, 68 de onça-parda, 38 de jaguatirica, 30 de outros pequenos felinos e 4 de cachorro-do-mato. Os resultados mostraram que, de forma geral, os mamíferos de médio e grande porte utilizam a área como um todo; os mamíferos mais especialistas, como o tapiti (Sylvilagus brasiliensis), mantiveram sua preferência por um habitat específico. Testes de correlação de Spearman mostraram que algumas espécies mais suscetíveis a alterações antrópicas mostraram-se correlacionadas a áreas com maior tamanho e grau de conectividade. Em relação aos padrões de atividade, os dados indicam que as espécies estão generalizando o seu comportamento: espécies que tinham atividade em alguns períodos do dia estão permanecendo ativas também em outros períodos. Quanto à dieta, o lobo-guará foi a espécie que utilizou mais itens entre os carnívoros estudados, alimentando-se de aves, répteis, frutos, mamíferos de diversos portes e insetos. A onça-parda e a jaguatirica apresentaram uma dieta mais restrita, sendo que os mamíferos representaram 90% dos itens consumidos. Houve uma alta sobreposição de nicho trófico entre lobo-guará e jaguatirica, indicando competição entre essas espécies. Os resultados, obtidos tanto por meio de armadilhamento fotográfico como por análise da dieta, indicam que pode existir uma relação entre áreas com maior grau de conservação (áreas maiores, menos isoladas estruturalmente e imersas em matrizes mais permeáveis) e a freqüência de mamíferos, a sobreposição de nicho dos carnívoros de topo e a densidade de fezes encontradas