Estudo interdisciplinar em sedimentos lacustres da região sul do estado de São Paulo. Reconstrução da vegetação e do clima no Quaternário tardio

• Ano de defesa: 2009
• Autor(a) principal: Passarini Junior, Jaime Rissi
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
• Palavras-chave em Português: Atlantic rainforest; Carbon (C-12 C-13 C-14) and N isotopes; Floresta Atlântica; Isótopos Carbono (C-12 C-13 C-14) e Nitrogênio; Late Quaternary; Matéria orgânica sedimentar; Palaeoenvironment; Paleovegetação; Pólen; Pollen analysis protocol; Quaternário tardio; Sedimentary Organic Matter; Stable isotopes (C N)
• Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/64/64134/tde-16122009-102402/

O estudo de um testemunho coletado às margens de uma lagoa situada em meio a vegetação de Mata Atlântica no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, sul do estado de São Paulo, permitiu a reconstituição da história da vegetação local ao longo dos últimos 2500 anos. Para isso, foram realizadas análises elementares, isotópicas e palinológicas. Também a partir de material retirado deste testemunho procedeu-se a comparação entre dois protocolos de tratamento químico para análises palinológicas do Quaternário. Os protocolos utilizados seguiram as metodologias propostas por Faegri e Iversen, 1989 (Protocolo 2) e por Colinvaux et al., 1999 (Protocolo 1). Foi desenvolvido um método de comparação que envolveu a quantidade de palinomorfos e a quantidade de matéria orgânica amorfa encontrados em 450 pontos escolhidos aleatoriamente em lâminas de ambos os protocolos e também foram levados em consideração o tempo, a praticidade de aplicação em rotina laboratorial, os custos e as quantidades e tipos de resíduos para cada protocolo. Cinco amostras de sedimento foram utilizadas para comparação e o Protocolo 1 apresentou em média 10% menos matéria orgânica amorfa e quase três vezes mais palinomorfos que o Protocolo 2. Os resultados das análises isotópicas e da palinologia mostraram que a vegetação da área em estudo teve uma fisionomia florestal pelo menos desde os últimos 2550 anos. Os valores de \'delta\'13C, em torno de - 29%o, indicaram a presença de plantas C3 em todo o período estudado e registraram um enriquecimento isotópico (-24,9%o) entre aproximadamente 1650 e 1480 anos AP. A análise palinológica apontou para a ocorrência de um clima mais frio que o atual entre 2550 anos AP e 2000 anos AP, com aumento na freqüência de Araucaria e diminuição de Arecaceae. Também foi detectada a ocorrência de um período de clima mais quente e mais úmido entre aproximadamente 1000 anos AP e 680 anos AP, com desaparecimento de Araucaria e aumento de Arecaceae, Weinmannia e de pteridófitas. A maior umidade deste período também é apontada pelos valores de C/N que indicam aumento de influência terrestre no sedimento e pelo aumento de Botryococcus. Em todas as camadas foram encontradas partículas carbonizadas, indicando períodos de ocorrência de paleoincêndios e de abertura florestal provavelmente associados à presença humana na região