O movimento do empreendedorismo social no Brasil sob a luz do prêmio empreendedor social

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Aoqui, Cássio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-31032017-122604/
Resumo: Dada a necessidade de se aprimorar a compreensão do empreendedorismo social no âmbito das teorias organizacionais, fundamentando-se na fronteira do conhecimento nesse campo e no de premiações socioambientais, o objetivo principal deste estudo foi descrever, historiar e analisar o surgimento, a implementação e o desenvolvimento do Prêmio Empreendedor Social, realizado pela Folha de S.Paulo e a Fundação Schwab, e como as mudanças por ele sofridas ao longo de mais de uma década de existência (2005-2015) espelham o próprio movimento do empreendedorismo social brasileiro. Para isso, a partir da perspectiva ontológica relativista-construtivista, foi realizada uma pesquisa processual com um estudo de caso intrínseco, inspirado no método Gioia e na abordagem contextualista, tendo como base a análise histórica e longitudinal de 6.688 registros (dados secundários) da iniciativa. A análise do caso evidencia que o objeto de estudo apresenta uma relação de mutualidade com o movimento do empreendedorismo social, ora fomentando-o, ao revelar novas referências no campo, ao promover redes e alianças intersetoriais e ao propagar seus conceitos a um público mais amplo; ora espelhando-o, sofrendo transformações para adaptar-se ao dinâmico contexto em que se insere. Nesse sentido, nota-se que o próprio conceito de empreendedor social evolui do arquétipo do líder herói para uma reflexão ainda em aberto de sua real capacidade de causar uma transformação social sistêmica, mais de uma década após o lançamento do Prêmio, vis-à-vis as novas gerações empreendedoras, que reforçam princípios como horizontalidade e hibridismo. Os próprios laureados refletem as origens e desenvolvimento desse campo, de movimentos sociais de base que se institucionalizaram como ONGs na década de 1980 a startups de tecnologia em educação e inclusão alavancadas por investimento de impacto. A análise dessa evolução denota intrínseca e inevitável relação com as referências contextuais do campo do empreendedorismo social no Brasil e no mundo - o zeitgeist -, entre as quais o forte direcionamento pela busca da inovação, da sustentabilidade - demonstrada pelo profissionalismo da gestão e geração de renda dos empreendimentos sociais - e do impacto social gerado, de forma comprovada por mensurações de desempenho. Externamente, duas crises marcam de forma determinante a trajetória do Prêmio no Brasil: a instabilidade econômica ao longo desse período, com reflexo ulterior no setor do jornalismo no país, e as crises de imagem pública e reputação das organizações que incidem no campo socioambiental, espelhadas no espectro político-institucional. Já no âmbito da parceria entre as realizadoras, os resultados desta pesquisa apontam para uma aliança que se fortaleceu nos três primeiros anos e que, aos poucos, foi sendo fragmentada por incidentes críticos os quais evidenciam uma aliança que jamais chegou a ser de fato estratégica. À guisa de conclusão, nota-se que, ainda que o Prêmio influencie o movimento do empreendedorismo social brasileiro, tendo se consolidado como uma referência na seleção e promoção de líderes socioambientais no país, em maior parte ele espelha e busca se adaptar - e sobreviver - ao seu mutante contexto, de forma inerentemente atrelada às iniciativas empreendidas pela equipe que o realiza, sem um claro direcionamento estratégico e de longo prazo por parte das realizadoras.