Avaliação ultrassonográfica e radiográfica das serpentes ilhoas ex-situ: aspectos clínicos e reprodutivos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Garcia, Viviane Campos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10132/tde-29042021-092647/
Resumo: As serpentes ilhoas Bothrops insularis e B. alcatraz são animais ameaçados de extinção encontrados apenas na Ilha da Queimada Grande e na Ilha de Alcatraz, respectivamente (litoral de São Paulo, Brasil). São serpentes peçonhentas da família Viperidae. As fêmeas são maiores que os machos. Elas são vivíparas, ou seja, todo o desenvolvimento embrionário ocorre dentro do oviduto. Há pouca informação sobre essas serpentes devido à dificuldade de localização e deslocamento para pesquisas científicas in situ. Dessa forma, os parâmetros biológicos clínicos normais dessas espécies são escassos. Como o exame físico para o diagnóstico clínico em répteis é limitado, o uso de métodos diagnósticos como a ultrassonografia e a radiografia permite uma avaliação precisa do tamanho, localização anatômica e padrões de normalidade de todos os órgãos em um determinado momento. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar aspectos clínicos e reprodutivos das serpentes Bothrops insularis e B. alcatraz por meio de ultrassonografia e radiografia. Entre 2014 e 2020, avaliamos 58 serpentes (46 B. insularis e 12 B. alcatraz) pertencentes ao Laboratório de Ecologia e Evolução do Instituto Butantan. Para o exame ultrassonográfico, as serpentes foram contidas em um tubo de acrílico e o transdutor foi posicionado no dorso (nos lados direito e esquerdo) e no ventre do animal. Para o exame radiográfico, as serpentes foram colocadas dentro de um tubo de acrílico e posicionadas sobre o chassi em posição látero-lateral e ventro-dorsal. Os animais foram avaliados ultrassonograficamente em cada estação do ano e radiograficamente uma única vez. Nas avaliações ultrassonográficas das fêmeas, diferenciamos as serpentes sexualmente maduras das imaturas, identificamos as fases foliculares (pré- vitelogênese e vitelogênese), caracterizamos três fases gestacionais e identificamos a contração da musculatura da junção útero-vaginal. Nos machos, caracterizamos os testículos e os hemipênis. Além disso, identificamos alterações no fígado no período gestacional e alterações nos órgãos das serpentes doentes. Na radiografia, observamos os folículos vitelogênicos no ovário, o final da gestação, os ovos atrésicos, o fígado, o crânio, as caudas (nas duas espécies) e avaliamos toda a coluna vertebral e suas alterações patológicas. Avaliamos também os hemipênis dos machos de ambas as espécies e os hemiclitóris das fêmeas de B. insularis. Também foi possível avaliar todo o processo reprodutivo nas duas espécies, determinando as épocas de vitelogênese, embriogênese, nascimentos e a duração da gestação. Nos machos, pudemos descrever as mudanças sazonais no tamanho dos testículos. Nossos resultados indicam que as duas espécies têm ciclo bienal, que B. insularis se acasala no fim do verão e no outono, com gestação de oito-nove meses, e que B. alcatraz se acasala no fim do outono e inverno, com gestação de sete-oito meses. Concluímos que a ultrassonografia e a radiografia foram eficazes na avaliação dos órgãos propostos e na caracterização dos padrões reprodutivos e das alterações patológicas que causam óbitos no plantel de serpentes.