Autenticidade: o psicanalista entre Ferenczi e Lacan

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Vitorello, Daniel Migliani
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-06082015-163453/
Resumo: Trata-se de uma pesquisa que aborda o psicanalista na relação com o seu ser. Uma vez que a psicanálise não é um mero conjunto de técnicas aprendidas e aplicadas, a dificuldade do seu ofício se torna complexa e singular e, sobretudo, ao psicanalista, coloca-se o problema da sua presença. Dessa forma, Freud logo percebeu a própria influência que os processos psíquicos do analista produziam em uma análise, de modo que, para ele, seria necessário que o analista se encontrasse em uma determinada posição subjetiva. Posição que seria, dentre outras coisas, o efeito de uma análise pessoal. Esta, para ele, deveria servir para o ser do analista desaparecer, isto é, opacidade e assepsia psíquica. E como uma espécie de posição oficial para se referir à posição do analista, ergueu-se o princípio de abstinência e seus correlatos: neutralidade e frieza. A partir daí, pode-se sustentar que a maioria das recomendações técnicas freudianas estava pautada na tentativa de corrigir ou impedir a inevitável contaminação da sua posição pelo seu ser. Todavia, não há escolha, pois a princípio, o espaço analítico engloba inevitavelmente dois seres, ainda que, a cada um, seja designado ocupar uma posição. Por sua vez, a comunidade analítica encontrou dois grandes destinos paradigmáticos para o analista na relação com o seu ser. Por um lado, operar via contratransferência e, por outro, via desejo do analista. No entanto, como metodologia, procurou-se no atravessamento de paradigmas, as condições para abordar o tema por outras perspectivas e a partir de outras noções. Entendeu-se ser necessário dar um passo para trás. Pode-se perceber que Sándor Ferenczi, precursor da contratransferência, experimentou a psicanálise tentando render uma autenticidade para a relação analítica. Por sua vez, apesar de Jacques Lacan ter enveredado por um caminho diverso para ele a contratransferência designa os efeitos da transferência que atingem o desejo do analista , igualmente à Ferenczi, pode-se sustentar que ele também buscava uma autenticidade no analista. Dessa forma, notou-se que um com o outro ou contra o outro, juntos não deixaram de questionar a autenticidade do e no analista e o seu papel determinante no tratamento. Ambos são as referências teóricas dessa pesquisa. Portanto, para aquém das multiplicidades e polissemias do arranjo psicanalítico, o objetivo principal desta tese é discutir que a própria clínica psicanalítica constituída pelo seu método, sua técnica e sua teoria que lhes são próprias pode encontrar na noção de autenticidade, uma medida possível das suas vias para se pensar a irredutível tensão entre a posição do analista e o seu ser. Dessa forma, foi possível perceber que a referida noção pode se converter em uma condição para o analista, bem como, em um importante operador clínico enquanto perspectiva favorável para os efeitos do trabalho analítico