Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Azevedo, Júlia Teixeira Cottas de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17147/tde-14112019-123958/
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Resumo: |
A doença falciforme (DF) é uma doença monogênica, uma das mais prevalentes no mundo, causada por uma mutação pontual na posição 6 do gene codificador da cadeia da ?-globina que resulta na produção da hemoglobina anormal S. Atualmente, a única forma de tratamento capaz de curar pacientes com DF é o transplante de células-tronco hematopoéticas (TCHT) alogênico. Porém, poucos trabalhos da literatura avaliaram os mecanismos de ação envolvidos nas diferentes respostas terapêuticas dos pacientes com DF ao TCHT alogênico. Além disso, embora o sistema imunológico tenha um papel central no TCTH, nenhum estudo correlacionou o padrão de reconstituição imunológica com o desenvolvimento da doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) e com a permanência do enxerto nos pacientes transplantados. Assim, nesse trabalho, avaliamos os mecanismos de reconstituição hematológica e imunológica envolvidos na resposta terapêutica de pacientes com a DF submetidos ao TCTH alogênico. Para isso, amostras de sangue periférico de pacientes com DF tratados com o TCTH foram coletadas antes e em diversos períodos após o transplante (1 mês, 3, 6, 12, 24, 36, 48 e 60 meses). Em seguida, foram avaliados: a enxertia por meio da quantificação do quimerismo de células nucleadas; a porcentagem de hemoglobinas; a expressão de moléculas de adesão em eritrócitos e em reticulócitos; níveis plasmáticos de biomarcadores da DF; a expressão gênica diferencial de genes envolvidos com a resposta inflamatória; frequências e números absolutos de subpopulações linfocitárias e mieloides no sangue periférico; os níveis plasmáticos de biomarcadores da DECH. A maioria dos pacientes atingiu o quimerismo misto e se mantiveram quimeras mistas até 5 anos após o transplante. Dos 40 pacientes avaliados, 8 perderam o enxerto, 14 desenvolveram DECH aguda (DECHa) e 6 DECH crônica (DECHc). Todos pacientes que tiveram DECH aguda ou crônica desenvolveram os sintomas leves da doença e foram facilmente tratados. Após o TCTH, houve redução da resposta inflamatória crônica, da expressão de moléculas de adesão na superfície das células vermelhas (hemácias e reticulócitos), da frequência de reticulócitos e da porcentagem de hemoglobina S. Os pacientes que perderam o enxerto após o transplante apresentaram maior frequência de células supressoras derivadas da linhagem mieloide monocíticas (MDSC-M) 1 mês após o transplante, maior número de iNKT 3 meses após o transplante, menor número de células T CD8+PD-1+ exaustas 12 meses após o transplante e menor número de células T CD8+CD28-CD57+ 24 meses após o transplante, comparado aos pacientes que não perderam o enxerto. Também foi observado aumento de células T reguladoras (células T CD4+CD25hiGITR+, T CD8+CD28-CD57+ e T CD8+CD28-FOXP3+) após o transplante em pacientes que não perderam o enxerto, comparado ao pré-transplante. Além disso, pacientes com DECHa apresentaram aumento da concentração de IL-15, IL-22, CD25/IL2R?, April, HGF e ST2 após o transplante comparado ao pré-transplante. Pacientes que desenvolveram DECHa tiveram redução dos números de células T CD4+ e CD8+ exaustas, expressando PD-1, 1 mês após o TCTH e aumento de células iNKT 3 meses após o TCTH comparado aos pacientes que não tiveram DECH. Comparado ao pré-transplante, pacientes com DECHa tiveram expansão de MDSC-M e MDSC-G 1 mês após o transplante. Em conclusão, com base nas avaliações imunológicas e hematológicas realizadas, nosso trabalho demonstrou que o TCTH alogênico apresenta eficácia terapêutica em pacientes com DF. Além da melhora significativa do quadro inflamatório crônico, os pacientes com DF que não desenvolveram DECH e/ou não perderam o enxerto apresentaram uma expressiva expansão de células T reguladoras (células T CD4+CD25hiGITR+, T CD8+CD28-CD57+ e T CD8+CD28-FOXP3+) e de células T exaustas durante a reconstituição imunológica, sugerindo importante função dessas células no estabelecimento da tolerância imunológica duradoura após o TCTH alogênico nesses pacientes. |