A torre sob vigia: as Testemunhas de Jeová em São Paulo (1930-1954)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Castro, Eduardo Goes de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-02012008-102727/
Resumo: Esse trabalho tem como objetivo analisar a ação das Testemunhas de Jeová, seita religiosa milenarista norte-americana, em São Paulo, entre os anos de 1930 e 1954. Em meio aos governos de Vargas e Dutra, à Segunda Guerra Mundial e ao início da Guerra Fria, a \"Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados\" - nome jurídico adotado pelas Testemunhas de Jeová no Brasil - teve suas publicações confiscadas, membros presos e seu registro de atividades proscrito no país entre 1940 e 1947. Sob alegações diversas e contraditórias, as Testemunhas de Jeová foram acusadas de propagandear o nazismo, o fascismo, o anarquismo e o comunismo, em vista de proclames como a não prestação de serviço militar obrigatório, não saudação de símbolos nacionais, não transfusão de sangue e de seu proselitismo anticlerical, feito de porta em porta pelas ruas da cidade. Acreditando-se \"missionários pioneiros\" em meio a uma realidade supersticiosa católica, as Testemunhas de Jeová reeditaram no Brasil, a partir da década de 20, o mesmo discurso utilizado pelos puritanos ingleses que colonizaram a América no século XVII: tratavam-se do \"povo eleito\" de Deus na Terra que se dizia em combate com organizações \"satânicas\" e \"obscurantistas\", como a Igreja Católica. A despeito do estreitamento das relações entre Brasil e Estados Unidos no final dos anos 30, de nossa definitiva entrada na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Aliados, e da cooperação verificada entre os dois países no período pós-guerra na luta contra o comunismo, as Testemunhas de Jeová, uma organização religiosa norteamericana, foram perseguidas no país, talvez por também reeditarem no Brasil a retórica mítica de construção dos Estados Unidos, de sua defesa de liberdade de culto e do sistema democrático de governo - em oposição ao Catolicismo e ao subdesenvolvimento brasileiros. Neste sentido, buscamos perceber até que ponto a perseguição policial e judicial empreendida contra essa organização religiosa, que contava com menos de 1000 adeptos até 1947, encontrava eco no estreitamento de interesses entre a Igreja Católica e o Estado brasileiros.