Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Dornelas, Adélia Cristina Vieira de Rezende |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17144/tde-27052020-073755/
|
Resumo: |
Introdução: Abuso, desrespeito e maltrato (ADM) no parto são formas específicas de violência contra as mulheres que violam direitos de saúde reprodutiva, e resultam em danos físicos ou psicológicos durante a gravidez, parto ou puerpério. Apesar da notoriedade atual do tema, ainda são poucos os achados quantitativos a esse respeito. Objetivos: Descrever a experiência de ADM durante trabalho de parto e parto, relatada por participantes das coortes de nascimentos de Ribeirão Preto (RP) de 1978/79 e 1994; estimar a frequência de queixa de maltrato pelas mulheres das coortes; comparar a experiência de ADM sofrida no trabalho de parto e parto entre as as mulheres que queixaram ou não esta situação. Método: Foram avaliados 1547 indivíduos pertencentes às coortes de nascimentos de RP que já tinham filhos (1355 da coorte de 1978/79 e 192 da coorte de 1994). A este grupo foram aplicados questionários sigilosos que versavam sobre a experiência do parto da participante ou da companheira do participante, contendo uma questão sobre sentimento de maltrato no parto e outros 13 tópicos voltados para ADM propriamente ditos. ADM foi definido como presente se houvesse resposta positiva para um dos seguintes itens: \"não pude ficar com acompanhante de minha escolha; não me deixaram comer nem beber nada; gritaram comigo; ameaçaram não cuidar mais de mim; recebi vários exames de toque vaginal sem ser consultada; a equipe que cuidava de mim não me explicava o que estava acontecendo; fui forçada a ter parto normal contra minha vontade; fui forçada a ter parto cesária contra minha vontade; apertaram minha barriga para ajudar o nenê nascer; não me deixaram caminhar quando eu quis; fizeram pique em mim por baixo sem me consultar/contra minha vontade; fizeram pique por baixo em mim sem fazer anestesia; demoraram para me deixar ver ou pegar o nenê; não recebi qualquer forma de alívio para as dores do parto\". Para comparar as mulheres que queixaram ou não maltrato foi aplicado teste do qui-quadrado, com nível de significância de 5%. As análises foram realizadas por meio do pacote estatístico Stata, versão 13.0. Resultados: Houve queixa de maltrato durante o parto em 8,7% (87,1% da coorte de 1978/79 e 12,9% da coorte de 1994) da amostra que respondeu sobre o assunto; A média de idade materna das 70 participantes que referiram maltrato/desrespeito foi de 25 anos (DP 5,08); compeso médio dos recém-nascidos de 3007,9 kg (DP 228,97) e idade gestacional média de 37 semanas (DP 1,87).A maior parte destes partos ocorreu em hospital/maternidade pública (82,8%) e foi assistido por profissional do sexo feminino (51,7%). O relato de maltrato ocorreu na maioria dos casos no parto do 1º filho (64,3%) e o tipo de parto mais associado a lembranças de desrespeito foi o vaginal (60,7%). Foi relatado que 35 (54,4%) destas gestações não foram planejadas e, somente 12 dos partos (25,5%) foram induzidos. Mulheres que queixaram maltrato apresentaram maiores frequências de percepção para quase todos os tópicos de experiência de ADM, exceto para \"Não me deixaram comer ou beber nada\" e \"Fui forçada a ter parto cesárea contra minha vontade\". As queixas mais frequentes em ambos os grupos (queixou e não queixou maltrato) foram \"Não ter podido ficar com o acompanhante de sua escolha\" (38,1% e 24,8%, respectivamente) e \"A barriga ter sido apertada para ajudar no parto\" (42,9% e 26%, respectivamente). Entre as mulheres que queixaram maltrato o relato mais frequente foi \"Equipe não me explicava o que estava acontecendo\" (60,3%); por outro lado, a maior queixa entre o grupo que não queixou maltrato foi \"Não ter podido comer nem beber nada\" (30,5%). Entre os relatos dos homens destacam-se \"Não ter acompanhante\" (34,5%), \"Não pode comer nem beber nada\" (21,1%) e \"A equipe não explicava nada\" (18,4%). Conclusões: Apenas 8,7% da amostra feminina das coortes sentiu-se maltratada durante trabalho de parto/parto, apesar das altas frequencias de respostas positivas para as questões sobre ADM. Não ter o acompanhante de escolha durante o parto é o relato mais evidente em todos os grupos avaliados. |