Resumo: |
Esta investigação busca compreender, através de um estudo histórico e uma análise interpretativa das letras e performances de algumas canções, a participação do gênero musical colombiano vallenato em uma das grandes lutas da Colômbia, que envolve a seleção e a construção de memórias coletivas, a fim de melhorar sua imagem dentro e fora do país. Dentro da elite da Costa caribenha colombiana, intelectuais como Consuelo Araújo Noguera, Alfonso López Michelsen e Gabriel García Márquez sempre defenderam a ideia de que o gênero musical vallenato teria se originado na cidade de Valledupar, porém, teorias mais atuais afirmam que ele surgiu como um dos principais pilares da construção de uma identidade nacional colombiana. A partir dos conceitos de Memória coletiva e individual explorados por Maurice Halbwachs e Ecléa Bosi e por meio das teorias elaboradas pela Antropologia da performance, este trabalho tem como objetivo compreender de que forma o vallenato possibilita o acesso a alguns elementos desta memória coletiva/individual colombiana. O recorte de tempo deste trabalho abrange desde o fim da década de 40 até os anos 2000, principalmente após as hibridações feitas pelo cantor Carlos Vives, na década de 90. A análise das letras e performances se apoia no método da Antropologia Interpretativa/Hermenêutica nos moldes de Geertz (2008). Através da análise de alguns elementos históricos e líricos do vallenato e de entrevistas realizadas na Colômbia durante os anos de pesquisa conclui-se que, de fato, existiram campanhas e incentivos tanto governamentais quanto não - governamentais para a exaltação de certas memórias através da música (principalmente a vallenata) e após décadas, o país parece estar conseguindo construir uma imagem mais positiva dentro e fora de suas fronteiras. |
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