Doença, fotografia e representação: revistas médicas em São Paulo e Paris, 1869-1925

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Silva, James Roberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-17072007-120426/
Resumo: Neste estudo, analisamos a representação da doença formulada por meio da fotografia. A principal fonte onde fomos buscar tais imagens foram as publicações médicas paulistas do período 1898-1925: Revista Médica de S. Paulo (1898-1914), Gazeta Clínica (1903-1949), Imprensa Médica (1904-1914), Annaes Paulistas de Medicina e Cirurgia (1913-) e Memórias do Serviço Sanitário (1918-1920). Outra importante fonte foi a Revue Photographique des hôpitaux de Paris (Paris, 1869-1876), publicação francesa que inaugura o emprego da fotografia na representação das doenças em periódicos. Além dessas, foram exploradas também outras publicações congêneres, brasileiras e francesas, que serviram de termo de comparação e de subsídio para traçar a história desse gênero de representação. A maior parte dessa documentação, tanto paulista quanto francesa, foi originada na clínica médica, particular ou pública, onde aplicação e pesquisa eram atividades indissociadas e o médico tinha ocasião para reproduzir fotograficamente os corpos doentes que passavam por sua observação. Outra parcela do material pesquisado foi resultante de registros realizados durante campanhas sanitárias pelo interior do estado de São Paulo. Uma fração dessas imagens chegou até nós pelos periódicos médicos, ilustrando artigos. Para tratar o tema, o estudo partiu da abordagem crítica da fotografia, valendo-se de análises qualitativas e quantitativas, interpretação iconológica e classificação; e traçou comparações entre as informações de natureza visual e escrita, sempre com atenção para aspectos científicos, culturais e sociais envolvidos na densidade histórica da produção das fotografias. Cerca de 1200 fotografias representando a doença passaram pelo crivo da pesquisa, permitindo concluir que dentre as principais motivações dos médicos para realizar os registros estavam o desejo de constituir um arquivo de imagens patológicas e, ao mesmo tempo, o de ancorar suas observações clínicas no prestígio imanente das fotografias. O estudo dessas fotografias permitiu reconhecer transformações como as que se passaram na mentalidade médica, na forma de representar as doenças, nos recursos semiológicos apoiados na imagem etc. O modo como esse repertório fotográfico foi sendo revelado através das revistas sugere ter havido uma certa observância por parte de seus editores e dos médicos de limites mais ou menos demarcados de se reproduzir o corpo doente, conotando a vigência, mesmo que precária, de uma política da imagem enferma.