Avaliação das características clinicopatológicas e do desfecho oncológico de pacientes submetidos à prostatectomia radical com câncer de próstata Gleason 3+4 versus 4+3 na biópsia inicial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Mota Filho, Francisco Hidelbrando Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5153/tde-22072021-161327/
Resumo: INTRODUÇÃO: Otimizar a avaliação no momento do diagnóstico é um dos principais desafios no manejo do câncer de próstata (CaP), especialmente para escolher a melhor terapêutica a ser implementada em cada caso. O escore de Gleason se destaca como um dos principais preditores da evolução do CaP. Entretanto, ainda existem controvérsias sobre o desfecho oncológico dos pacientes com escore de Gleason 3+4 (ISUP 2) e Gleason 4+3 (ISUP 3) na biópsia inicial. OBJETIVOS: 1) Avaliar a sobrevida livre de recorrência bioquímica dos pacientes com escore de Gleason 3+4 e Gleason 4+3 na biópsia e no espécimen cirúrgico. 2) Analisar o impacto do resultado patológico do espécimen cirúrgico na sobrevida livre de recorrência bioquímica nos grupos ISUP 2 e ISUP 3. 3) Avaliar a concordância da biópsia de próstata com o resultado anatomopatológico da peça cirúrgica da prostatectomia radical nos pacientes com escore de Gleason 3+4 e 4+3 na biópsia. 4) Analisar a relação entre porcentagem de padrão 4 na peça cirúrgica nos grupos ISUP 2 e ISUP 3 e o risco de recorrência bioquímica após o tratamento. MÉTODOS: Foram analisados todos os 287 pacientes submetidos à prostatectomia radical com escore de Gleason 3+4 e 4+3 na biópsia inicial no período de janeiro/2007 até junho/2012. Foram incluídos apenas pacientes com primeiro PSA indetectável. Foram excluídos os submetidos a tratamentos oncológicos prévios e aqueles que não possuíam dados de seguimento. A avaliação da evolução oncológica dos pacientes estudados foi realizada através da sobrevida livre de recorrência bioquímica após o tratamento, analisada nas curvas de Kaplan Meier. A acurácia diagnóstica da porcentagem de padrão 4 na peça cirúrgica foi estudada através da construção de curvas ROC. RESULTADOS: Foram incluídos 121 e 147 pacientes com ISUP 2 e ISUP 3 na biópsia inicial, respectivamente. Os dois grupos apresentavam características clinicopatológicas semelhantes. A sobrevida livre de recorrência bioquímica em até 10 anos foi igual entre os grupos ISUP 2 e ISUP 3 na biópsia (p=0.624) e também quando se comparou os grupos ISUP 2 e ISUP 3 na peça cirúrgica (p=0.575). Os pacientes com resultado anatomopatológico favorável no espécimen cirúrgico apresentaram sobrevida livre de recorrência bioquímica significativamente maior do que aqueles com anatomopatológico desfavorável (p=0,0025). No grupo ISUP 2 e no ISUP 3 na biópsia, 65 (53.72%) e 58 (39,45%) pacientes apresentaram resultado anatomopatológico desfavorável no espécimen cirúrgico, respectivamente. Destes pacientes, no ISUP 2 e no ISUP 3 na biópsia, respectivamente, 20% e 20,68% evoluíram com recidiva bioquímica, ao passo que naqueles com anatomopatológico favorável apenas 5,26% e 10,11% apresentaram recidiva, respectivamente. No grupo ISUP 2 e ISUP 3 na biópsia houve concordância com o grau histológico da peça cirúrgica em 44 (36.36%) e 51 (34.69%) pacientes, respectivamente. Na curva ROC a porcentagem de padrão 4 na peça cirúrgica apresentou acurácia limitada, calculada no valor de 54,9%, para diferenciar os grupos ISUP 2 e ISUP 3 na peça cirúrgica em relação ao desfecho recidiva bioquímica. No subgrupo ISUP 2 com ? 10% de padrão 4 na peça cirúrgica não houve recidiva bioquímica, margem positiva nem pT3. Estes doentes se comportaram de maneira semelhante ao ISUP 1 neste estudo. O subgrupo ISUP 3 com ? 75% de padrão 4 na peça cirúrgica apresentou índices semelhantes de sobrevida livre de recorrência bioquímica, margem positiva e pT3 ao ISUP 4 na peça cirúrgica. CONCLUSÕES: O prognóstico oncológico baseado da sobrevida livre de recorrência bioquímica dos pacientes ISUP 2 e 3 na biópsia e na peça cirúrgica foi semelhante. Adicionalmente, observou-se discordâncias do grau histológico entre a biópsia e a peça cirúrgica no presente estudo. O estudo anatomopatológico do espécime cirúrgico com dados desfavoráveis pode prever os riscos aumentados de recidiva bioquímica com maior precisão que a biópsia inicial. A categorização pela porcentagem de padrão 4 necessita ser mais assertiva para prever o prognóstico oncológico. No presente estudo, comprovamos que os pacientes ISUP 2 com menos de 10% de padrão 4 tem evolução semelhante ao observado em pacientes classificados como ISUP 1 e que os pacientes ISUP 3 com mais de 75% de padrão 4 evoluem igual aos classificados como ISUP 4.