Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Paiva, Marilia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16134/tde-08122023-122017/
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Resumo: |
Dentre os fatores que envolvem a produção de habitação de interesse social (HIS) no país, os seus resultados sobre a organização do espaço doméstico dos beneficiários são os menos abordados por estudos acadêmicos, que têm privilegiado os temas macro das políticas públicas, questões projetuais e tecnológicas e de planejamento urbano. Essa lacuna de imagens sistematizadas sobre o interior da moradia popular em uso empobrece a busca pela aproximação entre o idealizado em projeto e o efetivamente realizado pelos moradores em suas possibilidades, necessidades e desejos. Sem desconsiderar que todo espaço humano é criado e organizado para propósitos sociais, subjacentes a essas necessidades e desejos ou a funcionalidades atribuídas a objetos, o foco da presente pesquisa é a materialidade dos arranjos de mobiliário engendrados por moradores de HIS mobiliário cuja espacialização apropriada é reconhecida por Normas Técnicas e pelas Especificações Mínimas de programas habitacionais como geradora do dimensionamento e formatação arquitetônica das moradias. Buscam-se as qualidades de referência para o processo projetual no campo do design de mobiliário popular a partir das relações com a arquitetura que abriga esse móvel, mediadas pela percepção dos moradores quanto ao resultado da sua organização. Trata-se de pesquisa qualitativa, em dois conjuntos habitacionais produzidos pelo poder público na Região Metropolitana de São Paulo, em suas formas predominantes nessas regiões: condomínios verticalizados. Com o olhar de quem vê pela primeira vez, admitindo a distância interclasses que caracteriza nossa sociedade, procuraram-se as particularidades de cada moradia através de abordagem etnográfica em campo, sem protocolos rígidos teóricos ou operacionais durante a escuta dos pesquisados, utilizando-se do autor José Guilherme C. Magnani e suas notas para uma etnografia urbana, de perto e de dentro. Para o entendimento dos arranjos domésticos, buscaram-se os conceitos de paisagem de Milton Santos um sistema fixo, mas transtemporal de objetos passados e presentes e a definição de Bill Hillier, na qual os objetos arquitetônicos são aqueles que organizam o espaço, necessariamente feita pela configuração entre eles. Como principal forma de descrição das espacialidades pesquisadas, a cartografia especialmente desenvolvida cumpre duplo papel: é um meio para sistematização e análise dos dados, mas é também fim expressão gráfica destinada à comunicação desses dados, na busca por recorrências, lacunas, reconhecimento de conflitos e/ou adequações, suas causas e implicações. Destaque-se nos procedimentos a estratégia da vídeo-entrevista Posso entrar? que, além de eficiente caderno de campo, viabilizou o desejado protagonismo dos moradores no direcionamento das observações do seu espaço doméstico, permeando o entendimento da pesquisa, influenciando categorizações e diagnósticos. A questão metodológica representada pela cartografia adquiriu centralidade nas reflexões da presente tese, mais do que os resultados parciais obtidos em campo, que, no entanto, atestaram a efetividade do mapeamento proposto enquanto registro sistematizável e eficiente para análise das qualidades que envolvem o objeto em estudo. |