Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Azevedo, Milena Krajnyk de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5152/tde-06122019-125656/
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Resumo: |
Introdução: a anemia é um diagnóstico prevalente na terapia intensiva (UTI), em pacientes com lesão encefálica traumática (TCE), associado a piores desfechos. O efeito da transfusão de eritrócitos ou concentrado de hemácias (CH) em pacientes neurológicos com anemia moderada ainda permanece discutível. Até o presente momento não existem ensaios clínicos incluindo pacientes com TCE, que possam fornecer evidências sobre qual estratégia de transfusão deveria ser recomendada para esses pacientes. Objetivos: avaliar a factibilidade da criação de dois limiares de hemoglobina (Hb) como gatilho transfusional, randomizando-se os pacientes com TCE em dois grupos: liberal (com valor de Hb alvo pré-definido em 9 g/dL) e restritivo (Hb alvo de 7 g/dL). Os objetivos secundários foram avaliação dos desfechos mortalidade, limitação neurofuncional entre os grupos no momento da alta hospitalar e em 6 meses através da escala funcional de Glasgow Outcome scale(GOS), incidência e morbidade relacionadas à ocorrência de vasoespasmo pós-traumático e complicações associadas à transfusão sanguínea. Métodos: trata-se de um estudo clínico prospectivo, randomizado e controlado em 44 pacientes com TCE moderado e grave no momento da admissão hospitalar, realizado nas Unidades de Terapia Intensiva do Hospital de Medicina da Universidade de São Paulo entre 2014 a 2016. Foram randomizados em dois grupos pacientes adultos nos primeiros 7 dias após ocorrência do TCE durante o período de internação na UTI. Gestantes, portadores de insuficiência coronariana aguda ou crônica, testemunhas de Jeová ou com evidência de inviabilidade encefálica como GCS 3 e pupilas midriáticas foram excluídos. O período de acompanhamento dos pacientes na terapia intensiva foi de 14 dias após admissão na UTI ou alta da terapia intensiva, o que ocorresse primeiro. Nesse período, valores de hemoglobina e velocidades do fluxo sanguíneo encefálico através do método de Doppler transcraniano (DTC) foram realizados a fim de se observar o efeito da hemoglobina na hemodinâmica encefálica. Efeitos adversos relacionados à transfusão de CH, disfunções orgânicas apresentadas na UTI e hipertensão intracraniana foram notificados. Resultados: durante internação na UTI, o grupo liberal recebeu mais unidades de CH do que os pacientes do grupo restritivo (66 vs. 35, p=0,02). Houve uma diferença significante nos valores de hemoglobina entre os grupos liberal e restritivo durante o período de intervenção (Hb 9,3± 1,3g/dL vs 8,4± 1,0g/dL grupo restritivo, p < 0,01). Foi observada correlação negativa entre nível de Hb e velocidades de fluxo sanguíneo obtidos na artéria cerebral média pelo DTC (r= -0,265, p < 0,01). A mortalidade hospitalar foi 30% no grupo restritivo vs. 5% liberal (p=0,05). A incidência de vasoespasmo pós-traumático foi maior no grupo restritivo (65% vs 19% no grupo liberal, p < 0,01). Houve tendência a pior desfecho neurofuncional em 6 meses no grupo restritivo (p=0,06). Conclusões: foi possível e seguro criar dois diferentes limiares de hemoglobina para avaliação das estratégias transfusionais nos pacientes com TCE. O grupo restritivo recebeu menos CH durante permanência na UTI. A mortalidade hospitalar foi menor no grupo liberal, assim como o desfecho neurofuncional foi melhor no grupo liberal após 6 meses. Estudos de fase II são necessários para estabelecer recomendações de transfusão nesses pacientes |