Carte du Ciel e o uso da fotografia científica no século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Dall\'Olio, Rafael Luis dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-19052023-155308/
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo verificar em que medida o uso da fotografia foi problematizada no projeto de astrofotografia desenvolvido pelo observatório de Paris e executado a partir de 1887, por diversos observatórios astronômicos localizados principalmente na Europa, mas com participações de observatórios da América do Sul, América do Norte, África e Oceania. Esse projeto ficou conhecido como Carte du Ciel. Além disso, buscou-se verificar como ocorreu a construção e o desenvolvimento desse projeto em relação aos agentes políticos e sociais que o engendraram. Para tanto, utilizou-se como documentação principal os relatórios e boletins do comitê permanente, órgão executivo da Carte du Ciel, emitidos pela academia de ciências francesa, além de estudos teóricos e metodológicos relacionados aos estudos visuais das ciências e à produção do dado científico na rotina do laboratório. Concluiu-se que para considerar a fotografia como um instrumento científico que garantisse a confiabilidade dos dados obtidos era necessário seguir uma série de protocolos científicos definidos nas reuniões do comitê permanente. Dessa forma, a crítica à fotografia ocorreu antes da obtenção da mesma, embasada numa objetividade mecânica em voga no final do século XIX. Por outro lado, constatou-se que houve uma interferência direta do Estado Francês na execução do projeto, por meio da academia de ciências, cujo objetivo desta era transformar Paris no centro das discussões científicas mundiais. Pode-se considerar que tal objetivo foi parcialmente atingido, uma vez que no período pós Primeira Guerra Mundial, a International Astronomic Union (IAU) foi fundada com sede em Paris, no prédio da academia de ciências francesa. Observou-se assim que a prática científica está estritamente vinculada ao contexto social e político, cuja análise deve extrapolar os limite do laboratório e considerar os interesses dos agentes que constroem um determinado projeto científico