Língua materna: aliança e confronto aberto no campo metodológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Santos, Priscila da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-13102014-160733/
Resumo: Esta pesquisa desenvolveu-se com o intuito de analisar quais estratégias enunciativas constituem a (in)distinção entre Língua Portuguesa e Língua Materna nos programas de uma disciplina voltada à formação inicial de professores de Português. Parte-se do pressuposto de que a divulgação do termo língua materna tem a ver com as discussões que, no Brasil, ganharam força a partir de 1970, ocasião na qual um conjunto de fatores (a democratização do acesso ao ensino, a inserção da Linguística no currículo dos cursos de Letras, o combate ao preconceito linguístico, as discussões sobre ensinar ou não gramática, dentre outros), colaborou para o questionamento da concepção monolítica de língua que teria imperado até então. A partir da análise de cinco programas da disciplina Didática da Língua Portuguesa, oferecida aos alunos de licenciatura em Letras, numa universidade pública da região nordeste do Brasil, delimitou-se uma relação interdiscursiva entre três campos: Oficial, Acadêmico e Metodológico. Sendo assim, identificou-se como discurso antagonista àquele que versa sobre língua materna (LM), o discurso sobre o ensino da língua portuguesa (LP) e depreendeu-se, com base na Semântica Global proposta por Maingueneau, os semas que caracterizam esta oposição em cada um dos três campos. Deste modo, foram identificadas três estratégias enunciativas constituintes da (in)distinção LP/LM, presente nos programas: 1) a estratégia da unidade linguística, isto é, da construção de um discurso no qual a língua se apresenta como um patrimônio de todos, cabendo ao ensino potencializar este patrimônio caracterizando-o como passaporte para conhecimentos socialmente valorizados, conhecimentos universais, 2) a estratégia de reivindicação por um estatuto de disciplina pela Didática da Língua Portuguesa, na qual os conceitos de LP/LM, ao serem conjugados no campo Metodológico, constituem um outro objeto que não é nem uma nem outra língua, mas lança mão da relação interdiscursiva existente entre elas a fim de circunscrever métodos e proposições que respondam às necessidades do ensino e 3) a estratégia do mecanismo de circulação do conceito de LM, concebido no campo Acadêmico, como gerador de proposições ampliadoras da noção de norma linguística, em contraponto à LP, que gera proposições consolidadoras dos paradigmas de uma norma linguística tida como padrão . Sendo assim, no interior do campo Metodológico, se estabelece uma relação de aliança e de confronto aberto com o conceito de LM, na medida em que se pretende responder, ao menos discursivamanente, às exigências do campo Oficial, às do campo Acadêmico e, também às exigências da democratização do saber somada ao respeito à diversidade linguística.