Política, mobilidade e espaço: a bicicleta na cidade de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lemos, Leticia Lindenberg
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-16072021-212501/
Resumo: Nos últimos dez anos, São Paulo passou por um processo intenso e contencioso de abertura de espaço no sistema viário para circulação de bicicleta. Em uma cidade construída e adaptada historicamente para favorecer o automóvel, o processo histórico que permitiu em dado momento que a municipalidade removesse espaço de estacionamento para carros para implantar mais de quatro centenas de quilômetros de ciclovias e ciclofaixas no período de um mandato no executivo municipal não se deu sem muitos entraves, avanços e recuos. Esta tese propõe iluminar o processo político e histórico, bem como os conflitos e contradições, da construção agenda ciclo- viária em São Paulo. Mostra a construção da agenda que culminou na implementação dessa política pública e na inserção da bicicleta na metrópole carrocêntrica, embora implantada de forma restrita a um território de classe média. Para tanto, dialoga com literatura de quatro áreas: questões territoriais e de segregação socioespacial, autores no campo da Ciência Política que estudam as interações entre sociedade civil e o Estado, discussões da sociologia sobre o sistema da automobilidade e suas implicações, e literatura sobre transição sociotecnológica da automobilidade, tudo isso sempre calcado em ampla fonte primária. A presente tese busca mostrar que a reivindicação por políticas para bicicleta surge como um nicho no regime dominante da automobilidade, uma demanda contra hegemônica que se coloca contra a dominância do automóvel no sistema viário, que ganhou adeptos no mundo corporativo, mas também sofreu resistências contrárias dentro e fora do Estado ao longo de seu percurso. Por fim, o uso da bicicleta em São Paulo passou de um nicho para um regime subalterno dentro do regime dominante da automobilidade. Essa mudança de estatuto foi o que possibilitou os ganhos importantes, ainda que distantes de um alcance sistêmico desejável, da mobilidade sobre bicicletas em São Paulo.