A escuta como matéria-prima das pedagogias participativas: a construção de saberes praxiológicos de uma pedagogia que escuta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Ribeiro, Bruna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48139/tde-26112021-120649/
Resumo: A presente tese busca reafirmar a pedagogia como campo teórico investigativo, situando-a como campo epistemológico (SAVIANI, 2012), e está comprometida com a produção de saberes praxiológicos por meio do delineamento de uma Matriz (ou Mosaico) que contemple saberes necessários para consecução de uma pedagogia da e que escuta no cotidiano da educação infantil. Desta forma, pretende contribuir com os profissionais que atuam na rede de educação infantil paulistana na implementação de uma pedagogia de cariz participativa, em consonância com a perspectiva educativa explicitada nos documentos curriculares (SÃO PAULO, 2019; 2015) e avaliativos (SÃO PAULO, 2016) do município de São Paulo. Para composição de uma Matriz de Saberes que fosse proveniente de uma polifonia de vozes e diferentes contributos e aportes teóricos, optou-se metodologicamente pela realização de uma investigação praxiológica (FORMOSINHO, 2016; OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2016a; OLIVEIRA-FORMOSINHO; FORMOSINHO, 2012), apoiada em uma abordagem polivocal de métodos múltiplos - Mosaic Aproachh (CLARK, 2017; CLARK; MOSS, 2011). Tendo como inspiração o paradigma da complexidade (MORIN, 2000; 2005; MORIN; CIURANA; MOTTA, 2003), o Mosaico foi composto visando não somente a mera junção de suas peças, mas buscando conjugar distintos elementos de forma a compor um Todo que é mais do que a soma das partes. Um todo global e original que emerge do encontro e confronto de saberes distintos e complexos. Assim, a investigação possibilitou situar a escuta como um elemento essencial para a efetivação de uma pedagogia participativa, embasada em uma imagem de criança potente, capaz e com agência e que tem como lócus privilegiado de existência o cotidiano, demandando, assim, a assunção de uma pedagogia da cotidianidade. Além disso, o estudo identificou saberes organizados em três eixos distintos, que evidenciam o quanto a escuta não se reduz à mera metodologia ou recurso didático, nem se configura como ação trivial ou espontânea. A escuta necessita de uma gramática pedagógica (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 2016b) que a sustente e da apreensão de saberes específicos e profissionais que explicitem seus fundamentos, evidenciando o papel do adulto nessa perspectiva, e alertando sobre mitos e obstáculos a serem superados, a fim de que a escuta não se degenere em processos de pseudoescuta e simulacros da participação. O estudo aponta, ainda, para a perspectiva de construção de uma Pedagogia da Estesia que celebre e promova a comunhão com o mundo, em oposição a um projeto de sociedade e educação para a passividade e anestesiamento dos sujeitos.