Forma jurídica e organização produtiva flexível da força de trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Natale, Ticiane Lorena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2138/tde-02052021-212836/
Resumo: O presente estudo investiga a relação entre a forma jurídica (partindo-se da concepção pachukaniana de direito) e a exploração do trabalho organizado de modo flexível nas fábricas, na perspectiva da sua importância e impactos para a mercadoria força de trabalho. Pretendo, assim, apontar a relação existente entre esses elementos e, mais ainda, explicar o funcionamento dela, contextualizando-os no atual contexto de correlação de forças da luta de classes e do regime de acumulação flexível do capital, de modo a enriquecer a teoria. Parto da hipótese de que há uma relação estrutural, pois é a forma jurídica que confere a condição de mercadoria à força de trabalho; e de que é o sujeito de direito e seus atributos (livre, igual, proprietário e com interesses egoístas) que irão condicionar o modo como a flexibilidade será impingida à classe trabalhadora, contribuindo para que esta se torne mais fragmentada, complexificada, pauperizada e sem controle sobre a própria vida. Como procedimentos de pesquisa, utilizo a pesquisa teórica e, ainda, a observação participante realizada como operária em uma fábrica de São Paulo durante dois anos (entre 2014 a 2016), ambas no bojo do método do materialismo histórico-dialético. Inicio a exposição do assunto com a compreensão da forma mercadoria, pela qual será possível entender o surgimento da forma jurídica e de seus elementos constituintes (sujeito de direito e ideologia jurídica) e, também, da mercadoria força de trabalho. Em seguida, explico as origens e características atuais da organização produtiva flexível (cujo maior exemplo é o toyotismo) para, então, abordar a superexploração do trabalho, a qual se verifica no contexto histórico em que predomina esse modo de organização da produção e do trabalho. Neste capítulo, são detalhados dois exemplos de como a superexploração incide e se apresenta na indústria flexível: as opressões (raça, gênero e capacidade) e a flexibilização das normas de proteção ao trabalho. Donde se conclui, finalizando a pesquisa, que a hipótese da relação estruturante entre forma jurídica e organização flexível da força de trabalho se aplica, mas que não é o sujeito de direito que é reafirmado na mercadoria força de trabalho - ele apenas será o meio com que as(os) trabalhadores(as) são transformados em objeto de direito no ato do consumo dessa mercadoria; o que explica a contradição (agudizada pela superexploração do trabalho flexível) entre a noção de equivalência fundante da forma jurídica e a desigualdade gerada na extração de mais-valor. Espera-se, assim, contribuir para o entendimento sobre a exploração do trabalho na contemporaneidade e, mais ainda, para a elaboração de novas formas de luta da classe a que pertence o porvir.