Parâmetros ecocardiográficos relacionados à necessidade de fluxo pulmonar adicional em pacientes com atresia ou estenose crítica da valva pulmonar e septo interventricular íntegro tratados por valvoplastia pulmonar percutânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Jardim, Maria Fernanda Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/98/98131/tde-22022022-153001/
Resumo: INTRODUÇÃO: A estenose valvar pulmonar crítica (EPC) e atresia da valva pulmonar com septo interventricular íntegro (APSI) podem apresentar diferentes graus de hipertrofia e hipoplasia do ventrículo direito (VD). A valvoplastia pulmonar percutânea com balão (VPPB) é o tratamento de escolha quando não há hipoplasia acentuada do VD ou circulação coronariana dependente de pressão nesta cavidade. Parte dos pacientes necessitam de fluxo pulmonar adicional para manter saturação adequada após a VPPB. Dados ecocardiográficos associados a este desfecho são escassos e o uso de técnicas avançadas para este fim ainda não foi relatado. OBJETIVO: avaliar características ecocardiográficas associadas a necessidade de fluxo pulmonar adicional após a VPPB e descrever seus efeitos evolutivos na função biventricular. MÉTODO: trata-se de estudo observacional prospectivo com 23 portadores EPC e APSI submetidos a VPPB, 10 com implante de fluxo pulmonar adicional (VPPB+shunt) e 13 sem (VPPB). Foram realizados ecocardiogramas antes (PRÉ), imediatamente após (PÓS) a VPPB, e, quando possível, em um (1M), três (3M) e seis meses (6M). RESULTADOS: Os 10 pacientes do grupo VPPB+shunt eram portadores de APSI ou foram submetidos previamente à valvoplastia pulmonar fetal e no grupo VPPB 11/13 tinham EPC (p < 0,001). No momento PÓS observamos redução do diâmetro diastólico (DD) do VD no grupo VPPB+shunt e manutenção ou aumento no grupo VPPB em relação ao exame PRÉ (-1,4±0,2 x +0,9±0,2mm, p 0,012), com diferença na relação de diâmetros dos ventrículos DDVD/DDVE (0,59±0,16 x 0,65±0,19, p 0,017) e dos anéis tricúspide e mitral (0,69±0,24 x 0,89±0,23, p 0,015), menores no grupo VPPB+shunt. Encontramos no exame PÓS maior duração da onda A na veia supra-hepática (133±16,4 x 106±46,9ms, p 0,035), menor tempo de relaxamento isovolumétrico do VD (24,8±17,2 x 46,2±22,7ms, p 0,042) e maior velocidade da onda diastólica anterógrada pulmonar (0,86±0,31 x 0,36±0,25m/s, p < 0,001) no grupo VPPB+shunt. O escore z da excursão do plano da valva tricúspide na sístole (TAPSEz) foi maior no grupo VPPB (-0,8±2,6 x -3,39±3, p 0,042), e também a relação entre os débitos cardíacos (DC) dos ventrículos DCVD/DCVE (1,11±0,45 x 0,68±0,25, p 0,02) ambos aferidos no PÓS. Seis meses após a descompressão do VD, agrupamos todos os pacientes e observamos redução significativa no escore z do volume do átrio direito (ADz) (6±6 x 0,6±1, p 0,007), aumento do TAPSEz (-3±3 x -0,09±2, p 0,04) e melhora dos valores de strain global do VD (-14±6 x -28±3%, p 0,015) em relação ao exame inicial. Notamos menor deformidade miocárdica nos segmentos septais e anteriores basais. Houve aumento da relação DCVD/DCVE (0,9±0,4 x 2±0,8, p 0,002), quando comparada ao PÓS. Observou-se redução da regurgitação tricúspide, aumento da regurgitação pulmonar e inversão do fluxo através do septo interatrial. CONCLUSÃO: Pacientes com EPC tem menor probabilidade de necessitar de fluxo pulmonar adicional após a VPPB e pacientes com VDs menores e com função diastólica mais comprometida estão mais associados a desfecho. A descompressão do VD resultou em melhora funcional progressiva deste ventrículo.