Proposta para o registro de acidente vascular encefálico em crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Reinaldo Regis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17160/tde-06122016-093706/
Resumo: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) em crianças possui particularidades em relação à faixa etária acometida, apresentação clínica inicial, fatores de risco, etiologias e evolução diferente dos achados de AVE em adultos. O objetivo do presente trabalho é elaborar um protocolo para o registro de Acidente Vascular Encefálico em crianças, adapatado da versão para adultos (REAVER)desenvolvida pelo Professor Octávio Marques Pontes Neto e colaboradores, do Departamento de Neurociências da FMRP-USP,que, consiste em um registro clínico prospectivo de base hospitalar para doenças cerebrovasculares, cada um dos itens foi analisado e adequado à faixa pediátrica sendo fundamentadopor uma revisão bibliográfica de AVE na criança e de um levantamento de casos de AVE tipo isquêmico (AVEi) em crianças e jovens, excetuando a faixa etárianeonatal, atendidos em hospital de nível terciário. Um estudo observacional retrospetivo, secional foi procedido pela revisão de registros médicos de pacientes com menos de 18 anos exceto a idade de neonatal (entre 2 meses e 18 anos), de 1996 a 2014, assistidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP). Foram incluídas na amostra 89 crianças com um tempo mínimo de acompanhamento de 12 meses e extraídas informações abrangentes quanto à apresentação clínica e fatores associados. Do total de pacientes, 40 (44.94%) pertenciam ao sexo masculino e 49 (55.05%) ao feminino. A média de idade do diagnóstico de AVEi foi de 3,57 ± 0,26 anos. Detectamos 49.43% dos pacientes no período de lactente, 23.59% no período pré-escolar, 17.97% no escolar, e 8.98% dos pacientes no período pré-púbere, não houve nenhum paciente nos grupos púbere e pós púbere. Destes, 77 pacientes (86.51%) eram da raça branca, 11 negros e 1 oriental. Dos pacientes analisados, 24 (26.96%) apresentavam doenças relacionadas ao AVEi, diagnosticadas previamente ao evento. A principal doença previamente diagnosticada foi a cardiopatia complexa ou malformação cardíaca diagnosticadas no período neonatal em 7 (7.86%) pacientes e valvopatia congênita identificada no período de lactente em 1. Em 44 (49,43 %) pacientes houve relato de associação a fatores ambientais, sendo mais prevalente a síndrome febril/infeciosa, precedendo o início dos sintomas do AVEi em até 8 semanas, totalizando 40 (44,94%) casos, com a infecção de vias aéreas superiores mais prevalente, responsável por 27 casos. Na fase aguda, o déficit focal motor esteve presente isoladamente em 28 (31.46%) crianças, crise convulsiva sem outros sinais em 25 (28,08%), e, se contabilizarmos os casos com mais de um sinal clínico (exemplo: crise convulsiva associada a déficit focal) a crise convulsiva foi a principal apresentação clínica, presente em 41 (46.06%) casos. Entre os 56 (62,92%) com etiologia confirmada, relação direta com causas infeciosas foi a mais prevalente totalizando 16 pacientes. Apesar da extensa investigação realizada em 72 (80,89%) pacientes, os quais realizaram protocolo de investigação do AVEi em jovens, 33 (37,07%) permaneceram com etiologia indeterminada. O tempo médio de acompanhamento dos pacientes foi de 5,76 ± 0,37 anos. Vinte (22,47%) pacientes foram a óbito no período de estudo, ocorrendo principalmente dentro do primeiro ano de acompanhamento, ocorrendo em 14 crianças. Embora relativamente raro, comparado com muitas outras doenças de infância, o AVE pediátrico carrega com ele uma morbidez desproporcionalmente alta e o preço pessoal e social de longo prazo.