Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2001 |
Autor(a) principal: |
Silva, Nancy de Deus Vieira |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11132/tde-20200111-140511/
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Resumo: |
No Brasil havia em 1998 mais de 31 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos, correspondendo a 19,5% do total da população. Este estudo visa diagnosticar a situação destes jovens no mercado de trabalho. Busca conhecer suas condições sócio-econômicas, particularmente seu nível educacional, bem como, avaliar a magnitude e os determinantes do desemprego da juventude brasileira. Foram utilizados microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 1998. A inserção dos jovens no mercado de trabalho se dá de forma bastante desfavorável. Em primeiro lugar, o ingresso dos jovens no mundo do trabalho é muito precoce, grande parte teve seu primeiro trabalho com 12 anos ou menos. O desemprego atinge 3,3 milhões de jovens, os quais representam 49% do total de desempregados brasileiros. A maioria trabalha no mercado informal (65%) e grande parte trabalha mais que as 44 horas previstas pela legislação. Ademais, seus rendimentos são muito baixos, recebem, em média, cerca de 50% dos rendimentos dos adultos. Estes jovens ainda estão em idade de formação, e têm que dividir seu tempo entre estudar e trabalhar. Os problemas enfrentados por eles no mercado de trabalho interferem diretamente em sua escolaridade. Embora o perfil educacional dos jovens brasileiros tenha melhorado, esse indicador ainda é bastante baixo quando comparado com outros países. Em média a escolaridade dos jovens brasileiros era, em 1998, de 6, 7 anos, enquanto na Argentina era de 9,2, no Uruguai de 8,1 e no Chile 7,8. Ademais, as taxas de analfabetismo no Brasil foram de 10% para os homens e 6% para as mulheres, enquanto que na Argentina e no Chile o analfabetismo atingia apenas 2% dos homens e 1% das mulheres. Estimou-se um modelo lógite multinomial de trabalho e: freqüência à escola para os jovens de modo a identificar os fatores que determinam a escolha dos jovens entre estudar, trabalhar, cuidar de afazeres domésticos, ou não realizar nenhuma atividade. Os resultados obtidos mostraram que a escolaridade e idade do chefe de família, o número de pessoas na família com 8 ou mais anos e a renda familiar foram as variáveis mais importantes na decisão de os jovens estudarem, independente de trabalharem ou não. Por outro lado, o aumento da idade do jovem e o maior número de crianças na família contribui para aumentar a probabilidade dos jovens trabalharem. Também foram estimados modelos lógite multinomiais para entender as características que afetam a probabilidade de desemprego de um determinado indivíduo. Os resultados mostraram que a escolaridade e a experiência são variáveis muito importantes para explicar o desemprego. Encontrou-se fortes indícios de existência de discriminação racial contra os negros, uma vez que obteve-se probabilidades maiores de desemprego para os pretos em relação aos brancos e pardos, mantendo-se outras variáveis constantes. Verificou-se também que a probabilidade de desemprego é maior para o jovem cuja renda familiar é mais baixa. Os dados indicaram que os jovens enfrentam graves problemas em termos de dificuldades de conciliação do estudo com o trabalho, baixos níveis de escolaridade, altas taxas de desemprego, relações de contratação precárias, jornadas extensas de trabalho e baixos rendimentos. Essa situação tende a se agravar com a perspectiva de pequeno crescimento da economia e da incapacidade das empresas gerarem postos de trabalho suficientes e de boa qualidade para absorver e dar oportunidade a todos aqueles que necessitam e têm disponibilidade para trabalhar. Assim, algumas medidas poderiam ser tomadas no sentido de melhorar a situação do jovem no mercado de trabalho. Medidas específicas voltadas para os jovens seriam: atuar na questão educacional, com o objetivo de melhorar o nível de escolaridade e capacitação profissional tendo por condicionante a necessidade de compatibilizar estudo e trabalho, a regulamentação de estágios, a criação de programas de treinamento e a criação de cursos profissionalizantes de 2° grau. No plano macroeconômico é necessário criar condições para que o setor produtivo gere postos de trabalho suficientes, e um passo nessa direção é a adoção de medidas que diminuam o alto grau de concentração de renda do país, pois tal medida, possibilita a uma grande parcela da população pobre aumentar o consumo de bens, aumentando assim, a produção e, consequentemente o nível de emprego. Por outro lado, uma melhor distribuição da renda pode retirar do mercado de trabalho uma grande parte de crianças, jovens e aposentados que só estão trabalhando por extrema necessidade. |