Por uma anatomia de um corpus sob ocupação: a literatura iraquiana nas vozes de Sinan Antoon e Ahmed Saadawi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Alves, Jemima de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8165/tde-01032024-115850/
Resumo: Essa pesquisa surge a partir do questionamento dos rótulos aplicados à literatura árabe moderna e contemporânea, especialmente romances, que tentam classificá-los de acordo com episódios históricos, como romances pós-coloniais ou de guerra. Ao me debruçar sobre a literatura iraquiana, proponho que o romance iraquiano contemporâneo pós-2003 chega após a queda de uma ditadura, proporcionando uma oportunidade para a ficção expressar a contingência histórica do país. Isso inclui reflexões sobre a ocupação americana, a guerra, o regime de necropolítica e questões políticas e sociais resultantes de um regime tirânico e ditatorial. Minha tese é que, se o romance iraquiano contemporâneo, assim como o de outros países árabes, aborda temas como guerra, colonialismo e apartheid, o faz como uma literatura fruto da contingência histórica. Considerar esse gênero literário, importado para o cânone local, levanta o debate da recepção desses romances no Ocidente por meio de traduções, frequentemente percebidos apenas como registros históricos e literatura menor. Parto do pressuposto de que a literatura iraquiana deve ser inicialmente considerada como obra de arte devido ao seu valor estético e contribuição para a literatura transnacional. No entanto, mesmo reconhecendo que obras literárias não podem provar nada, argumento que o romance contemporâneo iraquiano pode servir como um possível documento histórico representando o persistente colonialismo em suas várias formas no Sul Global. Para ilustrar meu ponto de vista, traduzi e analisei vários romances, mas detalhadamente os seguintes: Frankenstein fi Baghda (2013) de Ahmed Saadawi e Wahdaha chajarat ar-ruman (2010) de Sinan Antoon. Além das análises historiográficas, filosóficas e literárias, desenvolvi uma teoria da tradução baseada no conceito de violência criativa. Essa violência da tradução é definida como um desejo por tudo um poder que deriva sua força inventiva no arrombamento. É a violência que rouba palavras ausentes em sua própria língua, assaltando com um verbo desconhecido como único meio de dar à luz um corpus na língua alvo