Perfil clínico e nutricional de pacientes submetidos à ressecção pancreática em terapia de reposição de enzimas pancreáticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Anna Victoria Borges Fragoso Rodrigues da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-27092017-132431/
Resumo: INTRODUÇÃO: Após a cirurgia pancreática, a função exócrina é determinada pela extensão da ressecção e a quantidade de tecido pancreático remanescente, sendo recomendável a avaliação da insuficiência pancreática exócrina (IPE) em todos os pacientes. A reposição de enzimas pancreáticas é o pilar do tratamento da IPE, pois melhora a absorção de gordura, diminui os sintomas relacionados com a má absorção e melhora a qualidade de vida (QV). OBJETIVO: Sabendo que o ajuste da dose de enzimas pancreáticas é realizado com base nos sinais clínicos relatados pelo paciente, o presente estudo visa aprofundar a avaliação clínica destes e avaliar o atual protocolo de tratamento, mantendo ou melhorando a QV dos pacientes. MÉTODOS: Estudo transversal em que foram avaliados adultos com histórico de ressecção pancreática há 6 meses ou mais. No tempo 1 foi realizada avaliação nutricional antropométrica e recordatório alimentar, avaliação clínica de qualidade de vida (questionário SF-36), investigação hábitos intestinais e exames laboratoriais. No tempo 2 foi realizada nova consulta para discussão dos resultados e orientação nutricional individualizada. Para análise de correlações foi usado o teste de Pearson, para associações o teste de Fisher e para comparação de médias o teste Mann-Whitney. RESULTADOS: Foram avaliados 39 pacientes, 22 (56,4%) do sexo feminino; 33 (84,6%) >=60 anos; tempo pós operatório 14,1± 6,8 anos; exames bioquímicos: em todas as dosagens a maioria dos pacientes apresenta resultados dentro dos valores de referência, mas há alta prevalência de deficiência de vitaminas lipossolúveis; os pacientes têm bom estado nutricional já que grande parte apresenta eutrofia segundo o IMC (46,1%) e segundo a porcentagem de gordura (35,9%); no geral não relatam sintomas gastrointestinais adversos: 61,5% com fezes formadas, 53,8% sem dor abdominal, 84,6% sem esteatorreia; adequação no consumo de macronutrientes: 51,3% consumo adequado de carboidratos e lipídios, e 64,1% de consumo excessivo de proteínas; correlações positivas: a dose de enzimas se correlaciona com a dor (p= 0,004) e o IMC (p= 0,009), ou seja, pacientes que relatam mais dor e que pesam mais são os que recebem as maiores doses de enzimas pancreáticas; correlações negativas: capacidade funcional e parâmetros de avaliação nutricional como IMC (p=0,004), e porcentagem de gordura (p=0,028), e também parâmetros clínicos como a dose de enzimas (p=0,022) e o número de evacuações por dia (p=0,024); associações: a inadequação do consumo de lipídios na dieta está associada com importantes sintomas gastrointestinais como a consistência amolecida das fezes (p=0,005) e flatulência (p=0,012) e ressalta a importância da orientação nutricional aos pacientes em reposição de enzimas pancreáticas. CONCLUSÃO: A maioria dos pacientes apresentou bons resultados de exames bioquímicos, qualidade de vida, consumo de macronutrientes, estado nutricional e sintomas gastrointestinais. Observaram-se importantes correlações e associações que demonstram que o estado nutricional, o consumo alimentar e a dose de enzimas interferem nos sintomas gastrointestinais e na auto-percepção de qualidade de vida dos pacientes. Sendo assim, o atual protocolo é válido, mas deve ser associado a orientação nutricional individualizada