Relevância do diagnóstico de doença arterial periférica pela palpação de pulsos e pela ultrassonografia com Doppler como preditor de doença coronária em pacientes com doença renal crônica estágio 5 em tratamento por hemodiálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Daniel Batista Conceição dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-22082023-121258/
Resumo: INTRODUÇÃO: A doença arterial periférica (DAP) é um marcador de risco de doença arterial coronária (DAC) na população geral. A ausência de pulsos em membros inferiores pela palpação pode indicar a presença de DAP, que pode ser confirmada pela ultrassonografia com Doppler (USD) das artérias dos membros inferiores. A doença renal crônica (DRC) é uma condição clínica associada a aterosclerose, e, portanto, fator de risco para DAP e DAC. Existem poucos dados comparando a utilidade da palpação de pulsos periféricos com a USD no diagnóstico da DAP em pacientes com DRC, e se a presença da DAP é preditora de DAC nestes pacientes. OBJETIVOS: Em pacientes com DRC estágio 5 em tratamento dialítico: 1) Avaliar a associação entre a ausência de pulsos dos membros inferiores e o diagnóstico de DAP por USD e se o diagnóstico de DAP, por qualquer dos métodos, se relaciona com o diagnóstico de DAC pela angiografia coronária; 2) Comparar a precisão da palpação de pulsos para o diagnóstico de DAP pela USD. 3) Avaliar a associação da presença de DAP com desfechos cardiovasculares. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo e observacional. Foram incluídos pacientes portadores de DRC estágio 5, em tratamento por hemodiálise, candidatos a transplante renal, com registro de prontuário eletrônico janeiro de 2015 e março de 2021. A palpação dos pulsos e a USD dos membros inferiores foram realizadas em todos os pacientes por ocasião da inclusão no estudo, cintilografia miocárdica em 186 e, a cinecoronariografia, em 157 pacientes, obedecendo aos critérios das diretrizes atuais. DAP foi considerada quando ausência de pulsos em pelo menos um dos membros inferiores pela palpação, e sinais de estenose > 60%(?) pela USD. Os pacientes foram acompanhados por pelo menos 1 ano para avaliação dos seguintes desfechos: morte por todas as causas, eventos cardiovasculares combinados, eventos coronários, doença coronária multiarterial e indicação de revascularização miocárdica. RESULTADOS: Foram incluídos 201 pacientes com idade média de 55,2±11,8 anos, sendo a maioria do sexo masculino (58,7%), brancos (74,4%), tabagistas (52,2%), diabéticos (56,7%), hipertensos (57,7%), e com índice de massa corpórea médio de 27,1 ± 5,3 kg/m2. O diagnóstico de DAP pela palpação foi de 31 % e pela USD de 43 %, enquanto a prevalência de DAC foi 53 %. A palpação teve correlação significativa (p=0.001) com o USD, sendo a razão de probabilidade (odds ratio) = 27,37. Foi observada uma prevalência de DAC em 44,9 % dos pacientes com DAP pela ausência de pulsos e 59,9 % pela USD. Para a predição de DAC, a presença de DAP pela palpação e pela USD apresentaram sensibilidade de 55% e 62%, respectivamente enquanto que a presença de DAP pela palpação apresentou melhor especificidade que o USD (76% vs 60%). Os dois testes tiveram desempenho não inferior que a cintilografia miocárdica na predição de DAC (sensibilidade 53%, especificidade 60%). O risco de morte por qualquer causa foi significativamente maior nos indivíduos com DAP diagnosticada pela ausência de pulsos à palpação. Considerando-se diagnóstico de DAP pela USD, não houve diferença estatística de mortalidade entre aqueles com e sem DAP. Diagnóstico de DAP pela ausência de pulsos também se correlacionou com a ocorrência de DAC multiarterial e com a probabilidade de indicação de intervenção coronária. CONCLUSÕES: Em pacientes com DRC estágio 5 em hemodiálise: 1) A ausência de pulsos nos membros inferiores à palpação tem boa concordância com o diagnóstico de DAP pela USD; 2) O diagnóstico da DAP pelos 2 métodos se correlacionou com presença de DAC pela angiografia porém com baixa acurácia; 3) O diagnóstico de DAP pela ausência de pulsos à palpação é preditor de eventos cardiovasculares combinados e risco de mortalidade por todas as causas e, está associado à gravidade da DAC e à probabilidade de indicação de revascularização do miocárdio