Plantio de cana-de-açúcar e seus impactos na saúde respiratória de moradores no Noroeste do Estado de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Cruz, Thiago Alvizi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6134/tde-26082014-091706/
Resumo: INTRODUÇÃO: O Estado de São Paulo é o maior produtor de cana-de-açúcar dentre os demais estados da federação, alcançando uma área de 5.768.184 hectares (ha) cultivada no ano de 2013. Diversos estudos desenvolvidos recentemente no Brasil apontam para os impactos negativos à saúde humana no processo de colheita por meio da queima da cana-de-açúcar. Em 2007, foi assinado o Protocolo de Cooperação (Protocolo do Etanol Verde) entre o setor sucroalcooleiro e o governo estadual visando à antecipação das metas de redução de queima de cana-de-açúcar por meio do processo de mecanização da colheita. Diante deste cenário, faz-se necessária uma análise sobre os impactos à saúde humana neste período de implantação de práticas sustentáveis. OBJETIVO: Este trabalho tem como objetivo avaliar o impacto da produção canavieira, após a assinatura do Protocolo Etanol Verde (2007), em alguns municípios do noroeste paulista por meio da análise das evoluções dos métodos de colheita da cana-de-açúcar possíveis associações com as doenças do aparelho respiratório. METODOLOGIA: . A área de estudo foi definida por meio de técnicas de análise espacial utilizando o software ARCGIS 10.1 com criação de shapefile de incidência de internações por doenças do aparelho respiratório por município e calculado o Índice Local de Moran, possibilitando a identificação dos municípios com maiores incidências e que formam aglomerados espaciais (clusters). Foram consolidados dados secundários de internações por doenças respiratórias em todos os municípios do Estado de São Paulo entre os anos de 2008 e 2012, levando em consideração o mês mais seco do ano (julho) para composição da incidência. Concomitantemente, os aspectos socioeconômicos e físicos relevantes foram caracterizados na área de estudo. Em seguida, foi realizada a análise espacial da distribuição dos métodos de colheita de cana-de-açúcar nos 25 municípios selecionados e foram definidas variáveis de risco associadas à distribuição espacial da colheita e que potencializam o impacto na saúde respiratória da população, levando-se em consideração o decreto 47.700, SMA - SAA 004/08 e outras referências. A partir dos dados levantados, correlações foram calculadas entre as variáveis,(Regressões lineares e correlação de Pearson, p<ou=0,05) RESULTADOS: A maioria das variáveis analisadas apresentaram significância estatísica quando correlacionadas com a variável incidência de internações por doença do aparelho respiratório (p<0,05) . A força das correlações (r), entretanto, variou entre os municípios. Os municípios com as maiores incidências de internação apresentaram os valores (r) mais próximo de 1 ou -1. Identificou-se através da ferramenta de geoprocessamento near analysis diversas áreas de queima a menos de 01 km das sedes municipais. CONCLUSÃO: Levando em consideração os impactos da produção de cana-de-açúcar sobre a saúde respiratória nos municípios do Noroeste Paulista, pode-se constatar que houve uma tendência diminuição das taxas de internação no período 2008 - 2012, entretanto as incidências de julho de 2009 e 2011 apresentaram aumento. Poucos municípios atingiram as metas propostas pelo Protocolo de Cooperação, alguns deles chegaram a ter áreas de queima em distâncias muito próximas à sede urbana, ainda que não comprovado neste estudo a causa e o efeito desta ação. Pequenos municípios tendem a sofrer mais com a colheita não mecanizada em função da falta de mecanismos de fiscalização e recurso humano dentre outras questões apontadas no estudo. Além disso, os aspectos socioeconômicos contribuem significativamente para o agravo da situação, em especial os associados à deficiência dos serviços voltados a atenção básica destes municípios.