Análise espacial e temporal da ocorrência de leptospirose em Santa Catarina e sua relação com fatores climáticos e ambientais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Ana Elisa Pereira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6143/tde-09032020-100842/
Resumo: INTRODUÇÃO: A leptospirose é uma doença causada por bactérias do gênero Leptospira presente na urina de animais infectados. Essas bactérias, quando dispersas no ambiente, podem misturar-se com a água e provocar o contágio, uma vez que o homem entre em contato com essa água contaminada. Esta doença acarreta alto custo, limitações à vida dos infectados e alta letalidade. O excesso de chuvas e a ocorrência de desastres naturais hidrológicos podem favorecer surtos e epidemias. Santa Catarina é frequentemente acometido por desastres como deslizamentos de terra, inundações e enxurradas, sendo estes dois últimos responsáveis por 43% dos desastres mais recorrentes entre 1991 e 2012. OBJETIVO: Descrever a ocorrência da leptospirose no tempo, no espaço e no espaço-tempo, principalmente em situações de desastres naturais, e identificar fatores associados à esta ocorrência em Santa Catarina. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo descritivo e ecológico, utilizando estatísticas de varredura e modelos de regressão, apresentados em três manuscritos. MANUSCRITO 1: Detecção de aglomerados de maior risco para a leptospirose, tanto no espaço quanto no tempo, em seis municípios do Estado, de 2000 a 2016. Os casos foram geocodificados com as coordenadas geográficas dos seus endereços residenciais e a análise foi feita no SaTScan. O local das áreas mapeadas como de risco hidrológico e de movimentos de massa foi comparado com os aglomerados detectados. Foram detectados aglomerados espaço-temporais em todos os municípios em 2008, quando ocorreram desastres naturais precedidos por grande volume de chuvas. A maioria dos casos residia em área urbana e de risco para desastres naturais. MANUSCRITO 2: Identificação de fatores ambientais, climáticos e demográficos associados à leptospirose nos municípios do Estado, no período de 2001 a 2015, levando em conta a dependência espacial. Foram utilizados modelos de regressão linear e modelos com efeitos espaciais globais. A altitude mínima, a temperatura máxima e a existência de área de risco no município foram as que mais contribuíram para explicar a variabilidade com a incidência. Após levar em conta a dependência espacial, apenas a variável altitude mínima se manteve significativa. As regiões de menor altitude apresentaram as maiores taxas, onde é frequente a ocorrência de enchentes, enxurradas e inundações. Não foram associados fatores demográficos. MANUSCRITO 3: Análise da tendência da leptospirose e dos fatores climáticos e ambientais associados, em seis municípios do Estado, de 2000 a 2015. Foram ajustados dois modelos com resposta Binomial Negativa, um para avaliar a tendência da incidência, e o outro para determinar os fatores associados. As maiores incidências foram em 2008 e 2011, com picos no mesmo mês ou no anterior de eventos de desastres, principalmente no verão, com tendência de queda estimada em 3,21% ao ano, em todos os municípios. Os fatores associados foram o número de dias de chuva, a temperatura máxima, a presença de inundação, que causou diferente impacto entre os municípios, e a presença de enxurrada. O efeito de inundações na incidência não foi o mesmo em todos os municípios e as diferenças nas incidências entre os municípios dependem da ocorrência ou não de inundações.