Envolvimento do núcleo dorsal da rafe na mediação de comportamentos defensivos relacionados ao pânico evocados por desafios respiratórios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Frias, Alana Tercino
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-12072022-152205/
Resumo: O transtorno do pânico (TP) é um transtorno de ansiedade crônico, muitas vezes incapacitante, cuja fisiopatologia não está totalmente elucidada. Tem sido sugerido que a ativação de neurônios serotonérgicos das asas laterais do núcleo dorsal da rafe (alNDR) inibe respostas comportamentais associadas ao pânico, como a fuga, em teste como o labirinto em T elevado, através da liberação de serotonina na substância cinzenta periaquedutal dorsal (SCPD). No núcleo dorsal da rafe (NDR) também estão presentes neurônios sensíveis a alterações de pH e de pressão parcial de gás carbônico (CO2) que, por sua vez, são estímulos desencadeadores de ataques de pânico em humanos. Resultados prévios do nosso grupo de pesquisa mostram que camundongos expressam a resposta de fuga quando submetidos a alta concentração de CO2 (20%). No entanto, ainda permanece o questionamento se a resposta de fuga desencadeada pelo desafio respiratório também envolve a participação do NDR e da SCPD. Diante destas observações, neste trabalho estendemos as análises dos comportamentos defensivos associados ao pânico expressos por camundongos submetidos ao desafio respiratório com CO2 e investigamos as bases neurais recrutadas, com foco no NDR e na SCP. Para isso, no experimento 1 comparamos a expressão do comportamento de fuga frente a exposição ao CO2 em três linhagens de camundongos, C57BL/6, BalbC e Swiss. Os resultados demonstram que as 3 linhagens expressam o comportamento de fuga, sendo a resposta mais acentuada nos animais C57Bl/6. Então, testamos a hipótese de que a linhagem que expressa um maior índice de fuga, no caso, o C57BL/6, tem uma maior ativação das alNDR e da SCPD. Para tal, submetemos os camundongos Swiss e C57BL/6 a duas condições experimentais: câmara de altura padrão, onde é possível a realização do comportamento de fuga; e câmara de altura reduzida, onde não é possível a expressão deste comportamento. Além disso, avaliamos o perfil de ativação do NDR e da SCP através da marcação da proteína cFOS pela técnica de imunofluorescência. Os resultados encontrados demonstram que a exposição ao CO2 é capaz de recrutar as sub-regiões dorsal e as alNDR, mas que apenas a expressão do comportamento de fuga recruta a SCPD. Ainda nesse sentido, também submetemos os camundongos C57BL/6 ao desafio respiratório de exposição a baixa concentração de oxigênio, que não promove a expressão do comportamento de fuga, e comparamos o padrão de ativação do NDR e da SCP com os expostos a 20% de CO2. Curiosamente, os resultados demonstram que ambos os desafios recrutam as alNDR e a SCPD. Por fim, a fim de aprofundar o mecanismo acerca da exposição ao CO2, investigamos o papel dos canais iônicos sensíveis a ácidos do tipo 1A (ASIC1a), presentes nas alNDR, no desencadeamento da resposta de fuga de camundongos frente a exposição ao CO2. Os resultados demonstram que a administração intra-alNDR de psalmotoxina-1, um bloqueador de ASIC1a, inibe a resposta de fuga. Além disso, a administração intra-SCPD do antagonista de receptores 5-HT1A, WAY100635, inibe o efeito antifuga da psalmotoxina-1. No conjunto, nossos resultados sugerem a participação das alNDR e da SCPD nas alterações defensivas decorrentes da exposição de camundongos ao CO2 e que os ASIC1a presentes nas alNDR são capazes de regular esse comportamento através da ativação dos receptores 5HT1A na SCPD.