A clínica da debilidade ou na debilidade?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sardenberg, Natalia
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-04072013-155836/
Resumo: Esta dissertação tem o objetivo de questionar o diagnóstico de debilidade mental, a partir das contribuições da psicanálise, segundo Freud e Lacan. Partindo de uma análise histórica da construção de um discurso social e científico do termo, discutimos se este diagnóstico, e os fenômenos a ele associados, indicam alguma particularidade que pode fornecer uma orientação para a direção do tratamento, ou para a clínica. Apontamos que nem Freud nem Lacan possuem uma teoria específica da debilidade mental. Por outro lado, Lacan sustentava que Freud errou em contraindicar a análise aos débeis, dizendo que essa análise é sim, possível. Além disso, Lacan utilizou o termo debilidade mental em diferentes sentidos e em diversos momentos de sua obra, para fazer ironia ou para destacar aspectos estruturais da relação do homem com o saber. Este trabalho foca-se nos comentários de Lacan, quando o autor se debruça de forma mais enfática ao diagnóstico da debilidade mental. Posteriormente, analisamos três eixos de análise de autores lacanianos que, a partir da mesma referência (da obra de Lacan), indicaram diferentes estatutos da debilidade mental. O primeiro eixo refere-se à diferenciação entre a psicose e à debilidade mental. O segundo eixo considera a debilidade mental enquanto um fenômeno, ou uma defesa, articulada a uma estratégia de imaginarização, que poderia estar presente nas três estruturas clínicas (neurose, psicose, perversão). O terceiro eixo relaciona a debilidade mental à inibição. A partir dessa discussão e da análise de casos clínicos, apontamos que o que se nomeia de debilidade mental pode ser associada a certos fenômenos, relacionados a uma inflação imaginária. De um lado, este caminho mostra-se interessante, pois possibilita nos distanciarmos do caráter de déficit articulado à concepção de debilidade mental, bem como considerarmos a inclusão de um sujeito neste campo. Por outro lado, quanto à clínica propriamente dita, concluiremos que ela terá seu valor mais acentuado ao não se reduzir a esta análise. Para isso, devemos considerar: o desafio, já indicado por Mannoni (1985), de que médicos e psicanalistas não estão isentos de preconceitos; a consideração de Bruno (1986) de que a clínica com os ditos débeis não revela nenhuma clínica específica; e a fala de Lacan, quando ele indica que sempre falamos mais do que queremos dizer e que o homem sabe mais do que ele crê saber