A ótica dos corpos em movimento sob a visão do realismo estrutural: questões não consensuais de natureza da ciência na formação de professores

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Felipe Prado Correa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-20092021-174205/
Resumo: As discussões teóricas e empíricas realizadas neste trabalho se situam no debate sobre a Natureza da Ciência (NdC) no Ensino de Ciências. Buscamos estudar as contribuições de tópicos não-consensuais da Natureza da Ciência na formação de professores. Os conteúdos das chamadas Visões Consensuais da NdC nos serviram de ponto de partida para a proposição de intervenção didática na formação inicial de professores de Física, na qual foram abordados temas metacientíficos controversos, mais especificamente, questões associadas ao realismo científico. Argumentamos que o ensino de aspectos não-consensuais da NdC pode ser uma ferramenta para se combater tanto visões cientificistas e positivistas-ingênuas sobre a ciência, quanto noções exageradamente relativistas frente ao empreendimento científico. Advogamos que debates acerca do realismo científico tem muito a contribuir na construção de discursos metacientíficos que ponderem tanto o caráter objetivo e realista da ciência, quanto seus aspectos subjetivos e contingentes. Com esse dilema epistemológico em mente, foram estudadas as implicações filosóficas do chamado problema da mudança científica e da ocorrência de revoluções científicas ao longo do desenvolvimento histórico da Física. Com o emprego do referencial teórico do Realismo Estrutural, buscamos identificar aspectos de continuidade e descontinuidade entre teorias sucessivas de uma determinada área da Física. Esse referencial nos permite distinguir continuidades no domínio estrutural e matemático de uma teoria, ao passo que acusa rupturas no domínio ontológico. A fim de tornar menos abstratas as discussões filosóficas mobilizadas nesta dissertação, realizamos o estudo de um episódio histórico a respeito do desenvolvimento da ótica dos corpos em movimento enquanto antecedente histórico da proposição da Relatividade Restrita. Nele, mostramos que a teoria da arrastamento parcial do éter, formulada por Augustin Fresnel em 1818, representa um elo de continuidade estrutural entre a ótica do século XIX e Teoria da Relatividade, apesar da referência teórica ao éter não ter se mantido ao longo da revolução einsteiniana. Tais estudos serviram de base para a intervenção didática realizada em uma disciplina de enfoque histórico-filosófico. Realizada a análise dos dados coletados, concluímos que os alunos foram capazes de se apropriar das querelas filosóficas centrais desta pesquisa. Constatamos que os estudantes se posicionaram de maneira diversa a respeito do estatuto cognitivo e ontológico da ciência, e dos elementos de continuidade e descontinuidade do desenvolvimento científico.