Frangos e galinhas agroflorestais: desenvolvimento de um sistema de criação de aves em agrofloresta

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Camarero, Nina Publio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/91/91131/tde-21032023-170132/
Resumo: Atualmente, a carne de frango e os ovos estão entre as fontes proteicas mais consumidas. Nos últimos quarenta anos este foi o setor produtivo que mais cresceu em comparação aos demais produtos de origem animal. Contudo, a avicultura em escala industrial tem sido desaprovada pelos consumidores mais exigentes no que diz respeito ao bem-estar dos animais. Por outro lado, é possível pensar em aliar a criação destas aves às áreas agrícolas e florestais para desenvolver um novo sistema de criação livre, que gere empregos, renda e melhorias de vida para as aves, atendendo a demanda do mercado atual por produtos mais éticos e sustentáveis. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema diferenciado para a avicultura, aproximando as aves de seu ambiente original, inserindo-as em um sistema silvipastoril (SSP), cuja estrutura se assemelha a uma floresta. Um seringal da ESALQ-USP, com ervas espontâneas tolerantes ao sombreamento, foi utilizado para este experimento. Avaliou-se a contribuição do consumo de pasto na alimentação das aves, como forma complementar à ração (que equivale a &#8765;70% do custo final na criação de aves) e os efeitos do suprimento de grãos inteiros aos animais, prática habitual entre os produtores familiares para reduzir os gastos com a criação. Com este propósito, foram determinados quatro tratamentos: três com acesso aos piquetes agroflorestais diferindo-se pela dieta fornecida (ração, grãos inteiros de milho ou de sorgo) e, como testemunha, aves confinadas em galpão e alimentadas com ração farelada. O manejo empregado foi o de pastejo rotacionado e galinheiro móvel. Cada tratamento contava com 25 aves da linhagem Pescoço Pelado (Label Rouge) e cinco piquetes para a rotação do pasto. Avaliou-se o consumo da pastagem, desempenho zootécnico, bem-estar animal e qualidade de carne em duas criações. Nesta dissertação também está relatado o experimento piloto com galinhas poedeiras em sistema silvipastoril. O consumo das forrageiras pelas aves teve maior impacto na oferta de pasto no inverno do que na primavera. Estimou-se que o consumo médio semanal de matéria seca de folha no inverno foi de 19,3 g/m2 e na primavera 6,7g/m2, diferindo as estações estatisticamente (p<0,05). Em termos de produção de carne, houve diferenças significativas no peso vivo final (valores médios: 2,70 kg - SSP+ração, 2,68 kg - SSP+&#189; ração e &#189; grãos de milho, 2,62 kg - SSP+&#189; ração e &#189; grãos de sorgo e 2,76 kg - Confinamento) ganho de peso, conversão e eficiência alimentar para as aves alimentadas parcialmente com grãos de sorgo (T3), que apresentaram o pior desempenho em relação aos demais (p<0,05). Entretanto, os pesos médios da carcaça limpa (rendimento com ossos &#8765;73%), coxa e sobrecoxa não apresentaram diferenças estatísticas entre os tratamentos (p<0,05). O comportamento natural e mais ativo foi estatisticamente superior para as aves criadas em SSP. Os frangos alimentados com grãos de milho (T2) \"ciscaram\" significativamente mais (p<0,001) que nos demais tratamentos, com 34% das observações realizadas. No ambiente confinado (T4), o comportamento \"ciscar\" representou apenas 9,2% das observações. A qualidade da carne foi impactada pelos diferentes sistemas de criação e pela alimentação. O consumo de grãos inteiros de milho em SSP proporcionou um maior desenvolvimento da moela (p<0,001) e uma pigmentação mais amarelada (b*) para todas as peças de carne avaliadas (p<0,001). Com isso, fica evidente que a criação de aves em sistema silvipastoril pode ser viável em termos de produtividade, melhorias nas condições de bem-estar animal e ganhos em qualidade diferenciada do produto, gerando um maior valor agregado. Soma-se a isso os ganhos com o seringal, intensificando o uso da terra de modo complementar. Para que os agricultores possam usufruir dessa, e outras possibilidades, são necessários estudos adicionais de modo a fornecer a segurança necessária aos criadores, tanto técnica como econômica.